Em alta, TI não apresenta indícios de queda em empregos

O cenário de empregos no Brasil não é dos mais animadores. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o número de desempregados no País foi de 13 milhões de pessoas no segundo trimestre deste ano, o que representa queda de 5,3% em relação ao primeiro trimestre.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, são 520 mil desempregados a menos, queda de 3,9%, mas, apesar da leve retomada, a perspectiva como um todo não parece das melhores.

A projeção inicial do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, era de 600 mil novos postos de trabalho neste ano, mas a mesma previsão já aponta para 460 mil. A Tendências Consultoria prevê uma mudança maior: de 800 mil novas vagas até dezembro, o número atual é de apenas 350 mil. Os principais motivos para a queda da previsão, segundo analistas, são a greve dos caminhoneiros e um início de ano mais lento do que o esperado.

Mas se você atua no setor de Tecnologia de Informação (TI), pode ficar um pouco mais tranquilo. Pelo menos é o que apontam consultores especializados em vagas do setor: Daniel de Paiva, sênior partner da Havik Innovate Executive Search, e Caio Arnaes, gerente sênior de recrutamento da Robert Half.

Arnaes aponta que não vê indícios da demanda de empregos do setor cair. “Pelo contrário. TI é a área que mais temos posições abertas, tanto para contratação direta quanto para alocação de profissionais para projetos. Incrivelmente é a única área que temos facilidade para abertura de vagas”, comenta.

Em faturamento, a divisão de vagas de TI para a Robert Half cresceu 112% no primeiro semestre deste ano, comparado com o mesmo período de 2017.

A maior demanda, segundo o executivo, é por desenvolvedores, principalmente de linguagens mais novas. “Desenvolvimento mobile, por exemplo, tem demanda interessante e é difícil encontrar profissionais disponíveis.”

Paiva vive o mesmo cenário de expansão. O especialista comenta que a Havik e a Harpio, consultoria de recrutamento e seleção do mesmo grupo, registraram alta na demanda da área digital – a proporção é de três a quatro profissionais para um em relação a oportunidades da chamada TI tradicional.

Perfis

Paiva divide os profissionais do setor em três categorias. A primeira delas é a TI tradicional, que corresponde ao mundo de infraestrutura, sistemas, suporte e hardware. “São aqueles profissionais ligados a cabos, equipamentos, ao Oracle, SAP, CRM, ERP etc. O chassi tecnológico da empresa”, define. Essa categoria, segundo Paiva, é a maior empregadora por conta do enorme legado e necessidade das empresas de terem a TI funcionando.

A segundo área é a de digital, que inclui tecnologias como big data, serviços de cloud, soluções integradas, cibersegurança e internet das coisas (IoT).

A terceira é classificada por Paiva como futurismo, que engloba termos como inteligência artificial, robótica, nanotecnologia e outras tecnologias emergentes.

“Se pegarmos essas três áreas, diria que o profissional de TI está 85% dentro da parte tradicional, 14% no digital e apenas 1% no futurismo, que ainda é muito incipiente e laboratorial e as empresas estão com receito porque os investimentos são altos”, classifica.

O executivo vê alta demanda na parte digital, na qual estão analíticos, estatísticos e matemáticos que cuidam do tesouro das empresas, o chamado banco de dados. “A demanda para essa área digital está muito acelerada. Empresas estão atrás desses profissionais e brigando muito por eles. Está em ebulição.”

Reinvenção

Fato é que, mesmo diante de um mercado em alta, o profissional de TI tradicional precisa se reinventar. “O profissional da TI tradicional precisa se especializar em uma infraestrutura voltada ao digital, que é muito diferente da normal e das funcionalidades que cuidava até então”, diz Paiva, que acredita que o setor tradicional não vai gerar novas vagas, mas, por outro lado, vai demandar essa mudança de perfil dos profissionais.

“O impacto (negativo) será sentido pelo profissional que não se adaptar a esse ambiente digital”, completa.

Fonte: Computerworld

31 de julho de 2018