Telemedicina é realidade para 95% das empresas de saúde da América Latina

Por conta da pandemia, a interação entre empresas de saúde e pacientes mudou drasticamente. Cada vez mais a relação é mediada por dispositivos digitais, como smartphones, chatbots ou webcams. Tendo em vista prestar um melhor atendimento, as organizações de saúde estão adotando soluções inovadoras.

Segundo o estudo “O setor da saúde na América Latina: tendências e inovações”, realizado pela NTT DATA, 95% das empresas de saúde da região (incluindo o Brasil) estão adotando a telemedicina como parte de sua estratégia de transformação digital. Além disso, 53% estão utilizando chatbots, com disponibilidade integral para agilizar o contato com os pacientes.

No geral, 81% das empresas afirmaram que aumentaram os investimentos em atendimento, que inclui serviços digitais usados pelos pacientes (63% relatam um aumento notável, enquanto 18% um ligeiro aumento), seja para construir plataformas, websites e aplicações móveis, seja para sua manutenção.

Pouco mais da metade (55%) dos entrevistados afirmaram que os esforços de inovação foram dirigidos para melhorar a assistência – focando em atendimentos mais rápidos – e para enfrentar desafios internos, como gestão da demanda e a limitada disponibilidade de profissionais da saúde.

Apenas 36% dedicam os esforços de inovação à prevenção e vigilância epidemiológica.

“Ao mesmo tempo em que os pacientes tiveram que se adaptar ao ambiente digital, as empresas de saúde foram forçadas a oferecer serviços digitais inovadores para atender a novas demandas”, diz Alejandro Morán, head global de Saúde da NTT DATA. “É por isso que eles estão mudando a maneira como se relacionam com os pacientes.”

Diagnóstico

O principal desafio compartilhado pelos participantes do estudo reside em acelerar o diagnóstico. Embora existam várias abordagens para tentar resolver isso, elas ainda estão longe de ser realidade. Cada vez mais empresas de saúde estão usando a análise de dados para fazer melhores diagnósticos. Na verdade, 29% das empresas pesquisadas afirmam utilizar a análise de dados com essa finalidade.

No entanto, a maioria dos entrevistados sente que há um longo caminho a percorrer antes que seja possível projetar sistemas que aprendam por conta própria e forneçam diagnósticos eficazes e eficientes. A inteligência artificial (IA) é mencionada em muitos casos, mas os desafios à gestão, interoperabilidade e análise dos dados disponíveis limitam a capacidade de alimentar esses sistemas com mais informações para refinar seu aprendizado.

Espera-se que a IA se torne um grande protagonista no diagnóstico e já existem muitas empresas no ecossistema que estão apostando nela, apesar de todos os desafios que estão por vir.

Estratégia de dados

Cerca de três a cada quatro empresas afirmaram terem implantado uma estratégia de dados. Do total, 3% não utilizam e não pretendem utilizar; 25% ainda não utilizam, mas colocaram o tema na estratégia; 37% utilizam dados, mas estão em fase inicial; 27% utilizam dados para estreitar relacionamento com clientes; e 8,5% utilizam dados com inteligência num ponto considerado “ótimo”.

Entretanto, existem diferenças entre os países. Enquanto no Brasil e no México 83% das organizações já utilizam dados em sua estratégia, em países como Argentina e Chile, a porcentagem cai para 59%.

“A implementação de uma estratégia de dados é especialmente relevante na fase de cuidados de saúde”, diz Morán. “Quando os dados são adequadamente coletados e processados, a eficácia das decisões clínicas dos profissionais de saúde, bem como a prevenção em nível epidemiológico, aumenta.”

Medinfluencers

O canal digital está ganhando importância e os profissionais de saúde também estão começando a transferir seus conhecimentos via internet e redes sociais, dando origem a figuras como os medfluencers (uma combinação dos termos médicos e influenciadores digitais).

A proximidade entre paciente e profissional não é afetada. Na América Latina, a estreita relação entre eles migrou para plataformas de mensagens instantâneas que permitem resolver dúvidas específicas, evitar viagens e reduzir o número de consultas.

Parcerias com startups

A colaboração entre as grandes empresas e startups do setor de saúde acelerou durante a pandemia. Uma em cada três organizações diz estar colaborando com startups para desenvolver produtos e serviços. Em quase metade das situações, a colaboração é feita por meio da inovação aberta, com desafios colocados ao ecossistema empresarial para encontrar soluções. Outra via é a aquisição de startups por empresas maiores: 29% das empresas optam por esta solução. Finalmente, 23% das empresas optam pelo desenvolvimento colaborativo de joint ventures.

Talentos

A digitalização que o setor de saúde passa está exigindo um tipo de conhecimento que ainda não estava disponível nas organizações. A situação está mudando. As buscas de talentos estão cada vez mais focadas em habilidades relacionadas ao universo digital, tais como metodologias ágeis, tecnologias específicas e disciplinas de experiência do cliente. Além disso, as organizações começaram a criar programas de treinamento para este novo contexto como uma forma de mitigar o déficit de habilidades internas.

Desta forma, eles estão desenvolvendo as habilidades necessárias para responder a uma realidade onde o distanciamento social é a norma: 66% das empresas pesquisadas dizem ter desenvolvido programas de treinamento e educação para o ambiente digital e a abordagem centrada no cliente.

Entretanto, uma em cada três empresas pesquisadas diz que estes programas são opcionais, indicando que suas prioridades de digitalização ainda não estão focalizadas nos funcionários. Isto poderia ser visto como um efeito natural, dado que a prioridade para as empresas e profissionais de saúde ainda é atender seus pacientes.

“Este fenômeno pode impedir uma aceleração maior da transformação digital das organizações de saúde”, diz Morán.

Interoperabilidade

Com os dados como agente impulsionador, a interoperabilidade (integração entre cuidados primários e hospitalares junto com laboratórios e clínicas) é outro fator de interesse para as empresas: 45% dos entrevistados destacaram os Registros Eletrônicos de Saúde e a interoperabilidade como prioridades estratégicas a curto prazo.

Alcançar a harmonia entre os diferentes atores representa outro desafio importante: a segurança da informação. Neste sentido, tecnologias como Blockchain aparecem como aliadas, embora a falta de conhecimento em torno desta ferramenta dificulte o desenvolvimento de soluções apropriadas.

De fato, três em cada dez empresas pesquisadas dizem não estar cientes da prioridade que a tecnologia BlockChain deveria ter, enquanto 42% planejam abordar o uso desta ferramenta dentro de mais de dois anos.

Sobre o estudo

O relatório incluiu respostas das 70 maiores empresas sediadas em países como Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, México e Peru.

Foram realizadas pesquisas via formulário e entrevistas com dois perfis de companhias: empresas estabelecidas (aquelas com um modelo de negócios definido, histórico e até renome) e startups (empresas recém-criadas que, em alguns casos, continuam refinando seu modelo). As pesquisas foram realizadas on-line entre o final de setembro e o final de novembro de 2021.

As entrevistas foram realizadas remotamente através de conexão com os diferentes países em estudo. Através de suas respostas, foi medido o grau de maturidade no desenvolvimento dos meios digitais no setor da saúde nesta área geográfica. Para isso, levamos em conta quais eram suas tecnologias prioritárias para melhorar a jornada do paciente, a segmentação entre seus pacientes e/ou clientes e a organização de seu trabalho em torno dela, entre outras coisas.

Para acessar o estudo completo, acesse este link.

 

  • Fonte: TI Inside.com.br
  • Imagem: Freepik
  • 22 de fevereiro de 2022