A primeira rede nacional exclusiva para Internet das Coisas será ativada em setembro no Brasil pela WND Brasil, representante do grupo mundial Sigfox. A infraestrutura chega com presença nas principais capitais do país e também com forte atuação no estado do Mato Grosso e no interior de São Paulo, para atender ao agronegócio.
A rede funcionará em 902 Mhz, frequência não licenciada, com a tecnologia LPWA (que pode ser traduzido como área ampla com baixo consumo de energia), o que facilita o modelo de negócios para consolidar as aplicações de IoT. Segundo a GSMA, as redes LPWA vão trafegar, em 2022, aproximadamente 1,4 bilhão de objetos conectados.
“Não podemos enxergar IoT pensando na infraestrutura da telefonia móvel. São diferentes. A rede IoT vai cobrar por byte e não por Megabyte. O modelo de negócio é outro. É no volume. A WND Brasil investe apenas na conectividade, mas com a rede nacional vamos incentivar toda a produção de hardware e software. Tenho convicção que IoT terá um boom de fabricação local de sensores no Brasil”, afirma o presidente da WND Brasil, Alexandre Silva Reis.
O modelo de negócio da rede nacional de IoT será diferente. O custo da conexão ficará em US$1/ano. “O custo da conectividade hoje no Brasil é pornográfico porque se pensa em Megabytes. IoT não precisa disso. IoT é byte. Por isso, a rede é pensada tão somente para objetos conectados”, acrescenta Silva Reis. A Sigfox, parceira da WND Brasil, está fazendo a parte dela. Uma primeira ação foi a não cobrança de royalties no chip para IoT.
“Se hoje um chip LTE custa em torno de US$ 15 e há uma projeção de cair para US$ 5, o chip de IoT da Sigfox sai a US$ 2.8 e há projeção para ficar abaixo de US$ 1. Não haverá Internet das Coisas se a rentabilidade não vier do volume vendido”, destaca ainda Silva Reis. O COO da WND Brasil descarta rivalidade com as operadoras de telecomunicações. Tanto que a Telefónica e a NTT DoCoMo já são parceiras.
“Nós vamos atuar na base da pirâmide da Internet das Coisas. As operadoras terão o Narrowband LTE, que é uma camada acima. Digo que somos complementares. O consumidor não quer saber se é frequência licenciada, não licenciada se é LTE ou não. Ele quer preço justo e serviço funcionando”, reforça.
Brasil e México serão os primeiros países da América Latina interconectados à rede da Sigfox, com o comando do grupo WND. Aqui os investimentos estão projetados em US$ 50 milhões (R$ 150 milhões, que já começaram para a construção da infraestrutura). Toda a parte de antenas é importada e não há nesse momento planos de fabricação local. “Ainda entendo que o boom aqui será dos sensores. Vamos ter muita gente fabricando aqui para baratear ainda mais o custo. IoT pode estar em qualquer lugar”, ressalta Reis.
O diretor de Negócios da WND Brasil, Eduardo Koki Ilha, diz que a opção pela faixa de 902 MHz, que é não licenciada, não implica ficar à parte da Anatel. “Todos os nossos equipamentos estão homologados e certificados pela agência reguladora”, diz. A WND está construindo redes semelhantes na Colômbia e na Argentina. Ainda este ano, começa o modelo de negócios na Costa Rica, Chile, Peru, Uruguai e Paraguai. Atualmente a rede IoT da Sigfox está presente em 32 países.
Convergência Digital
09 de agosto de 2017