Licença de comercialização de software que é paga a pessoa jurídica fora do Brasil tem natureza de royalties, e não de contrato compartilhado de custos. Portanto, está sujeita à incidência de Imposto de Renda Retido na Fonte. O entendimento é da Receita Federal na Solução de Consulta 74/2019, ocasião em que voltou a analisar a natureza das remessas feitas ao exterior referentes a remuneração de licença de uso e de comercialização de software com relação à incidência de IRRF, PIS/Cofins-Importação e Cide. A informação é do portal Conjur.
No caso analisado, a consulente, pessoa jurídica brasileira, explicou ter com sua matriz, domiciliada nos Estados Unidos, um contrato de compartilhamento de custos para o desenvolvimento de algumas atividades administrativas, o que envolvia a disponibilização de softwares e sistemas de informação.
Alegando que os pagamentos efetuados à matriz no exterior possuem natureza de reembolso de despesas, realizado em contratos de rateio de despesas, a consulente indagou se seria correto o entendimento de que, por não se tratar de prestação de serviços, as remessas não estariam sujeitas à incidência de IRRF, Cide e PIS/Cofins-Importação.
Na prática, a RFB considerou que o contrato apresentado consistia em contrato de licenciamento de software para uso direto em sua atividade econômica principal e concluiu que os valores pagos pela consulente deveriam ser caracterizados como royalties “decorrentes de licenciamento de comercialização ou de uso”.
“Em relação ao IRRF, como já expresso em consultas anteriores, a remessa ao exterior a título de licença de comercialização de software tem natureza de royalties para fins tributários e, portanto, sujeita à incidência de IRRF às alíquotas de 15% ou 25%”, afirma.
Também foi mantido o posicionamento em relação à não incidência do PIS/Cofins-importação sobre tais pagamentos, desde que o documento que embasa a operação seja capaz de individualizar, em valores, o que corresponde a serviço e o que corresponde a royalties. “Por se tratar de remessa a título de royalties, haveria a incidência de Cide”.
Para isso, a RFB desconsiderou a Lei do Software, que afasta expressamente a incidência da Cide sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programas de computadores, salvo quando envolver a transferência de tecnologia. Clique aqui e leia a íntegra da decisão da Receita.
Fonte: Portal Conjur e Convergência Digital
15 de abril de 2019