Quando você pensa em futuro, qual é a primeira coisa que vem à sua mente? Aposto que para a maioria das pessoas é a tecnologia: casas que interagem com os donos, carros e óculos inteligentes, entre outros. Tudo isso parecia distante até há alguns anos, mas já são uma realidade. A inovação é um importante propulsor da nossa economia.
Só para se ter uma ideia, segundo estimativas do IDC¹, mesmo com a crise, o mercado brasileiro de Tecnologia da Informação e Telecomunicações (TIC) deverá crescer 2,5% em 2017 – movimentação financeira perto dos US$ 200 bilhões. Imagine, portanto, o prejuízo de um setor que está em pleno desenvolvimento caso a contratação dos profissionais torne-se mais cara? É o que acontecerá caso a MP 744 seja aprovada pelo Congresso Nacional.
A medida provisória acabará com a desoneração da folha de pagamento dos profissionais de TI, causando um choque nos custos das empresas do setor o que, certamente, terá reflexo no valor final de produtos e serviços.
Segundo levantamento feito pela Brasscom, Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, haverá a eliminação de cerca de 83 mil postos de trabalho em três anos², por exemplo.
Considerando que a atuação desses profissionais é estratégica, e na maioria das vezes não pode ser facilmente substituída por ferramentas ou soluções automatizadas, a medida refletirá, muito provavelmente, na redução da inovação e perda de competitividade brasileira. Consegue imaginar o reflexo disso em longo prazo?
Acredito que é um risco muito alto para um mercado que tem tamanha projeção econômica e potencial empregador. Desde que foi aprovada, a desoneração da folha contribuiu significativamente para o desenvolvimento do setor, que aumentou sua remuneração em 14,3% a.a², além de ter criado 95 mil novos empregos² – o significa que o mercado tende a ficar com apenas 13% dos profissionais² que foram contratados por causa da desoneração. Vale destacar também que entre 2012 e 2016 houve cerca de R$ 4,2 bilhões de arrecadação incremental² (CPP, IRPF, FGTS).
É importante ver essa problemática para além do mercado de tecnologia. Estamos falando de um prejuízo enorme para a economia de todo o País, que tem muito ainda a explorar nesse setor. Tanto que, segundo a FGV, mesmo diante da recessão econômica, os investimentos no mercado de TI pelas empresas mantiveram-se estáveis em 2016, correspondendo a cerca de 7,6% da receita². Além disso, espera-se ainda uma queda de 5,2% ao ano no crescimento médio do setor de TI².
Estamos falando de bilhões que são investidos com o intuito de aumentar o diferencial competitivo das empresas! A mudança deve tornar mais tímido o desenvolvimento tecnológico das empresas do setor, além de reduzir os investimentos de clientes, sem nenhum benefício concreto. Sob essa óptica, a economia se torna um retrocesso.
Fica evidente que todos sairão perdendo com a reoneração. Devemos, então, aceitar de braços cruzados a adesão a medida? Essa é a reflexão que deixo para todos os profissionais do mercado e para aqueles que veem nas estratégias de TI uma maneira de evoluir os negócios para o mundo digital.
Carolina Barbizan
03 de agosto de 2017