Investir na estruturação adequada dos testes de software, tendo consciência de que eles devem ser realizados com planejamento, precisão e inteligência, é fundamental.
Mencionar testes de qualidade de software dentro das empresas significa frequentemente ser mal-entendido. À primeira vista, colocar o software para rodar parece ser o único elemento a ser considerado por gerentes e executivos, quando, na verdade, os testes implicam em muito mais do que sua execução. A questão é que as organizações muitas vezes negligenciam a área de qualidade e, portanto, gastam mais recursos e levam mais tempo no desenvolvimento de um sistema.
É fato que os testes trazem benefícios que apelam para o lado econômico da empresa. Segundo o cientista da computação e autor Glenford Myers, quanto mais cedo se descobre e corrige um erro no software, menor é seu custo para o projeto. A linha de pensamento é simples de entender: se o erro é encontrado no início do projeto, ele não irá permear nas próximas fases, portanto, corrigi-lo será menos complexo. Isso também evita que os profissionais tenham que refazer o trabalho e que haja atrasos no cronograma.
Embora as empresas saibam que os testes são fundamentais para qualidade dos projetos, muitas desconhecem o que precisa ser testado e de qual forma. Não testar os softwares traz más consequências aos negócios, e a mesma afirmação vale para testes feitos de maneira errada. Mas como criar uma política de testes eficaz?
Antes de tudo, é fundamental entender que os testes implicam em processos e que qualquer demanda de teste de software precisa passar por um ciclo de vida. Assim, o primeiro passo é o planejamento de todas as atividades que irão acontecer durante o ciclo de vida do desenvolvimento do software. Em seguida, vem a análise de toda a documentação do projeto, que será a base para construir um mapa de cobertura. Esse mapa será um guia para detalhar o que será testado e com quais variações, a fim de garantir a qualidade e assertividade dos testes. Ele irá, por exemplo, detalhar se o software precisa fazer testes de precisão, de portabilidade, de usabilidade, entre outras opções, e quais técnicas serão utilizadas para isso.
Os passos seguintes dependem totalmente desse primeiro planejamento e mapa de cobertura. Na modelagem, os testes serão escritos com cada variação programada; na fase de implementação, o roteiro de testes será montado levando em conta as necessidades e prioridades e gerando insumos para a fase final – a execução dos testes.
Em todo esse processo, os testes necessariamente precisam encontrar erros. A realidade é que não existem softwares que sejam muito bons logo de primeira. Se isso acontecer, o problema é que os testes não foram bem planejados.
Um outro erro comum nas organizações é pensar a automação como a solução para testes rápidos, econômicos e com a necessidade de menos profissionais envolvidos. Na verdade, a automação demanda mais pessoas para entender, planejar e configurar os testes no início, além de exigir equipes com uma expertise mais técnica de programação. A automação pode ajudar as empresas, desde que os testes continuem a ser bem construídos. Ou seja, ainda é preciso ter uma política de testes madura, um conhecimento de metodologia de testes, em resumo, uma inteligência para a automação.
Assim, não é relevante discutir se a organização deve decidir por automatizar ou não os testes. A escolha que realmente faz diferença é investir na estruturação adequada dos testes de software, tendo consciência de que eles são processos que devem ser realizados com planejamento, assertividade, precisão e inteligência. Só assim será possível assegurar uma qualidade máxima no desenvolvimento dos sistemas, gerando inúmeros benefícios aos negócios.
Fonte: Computerworld
26 de outubro de 2017