Diante da magnitude e dos impactos das inundações que assolam Porto Alegre e o Rio Grande do Sul, o Pacto Alegre está realizando desde o primeiro dia esforços para o enfrentamento e superação desta crise, no contexto da Aliança para Inovação de Porto Alegre, que reúne as universidades UFRGS, PUCRS e Unisinos.
Dada à situação de emergência que vivemos, o Pacto Alegre através do desafio extraordinário Porto Alegre Resiliente, propôs cinco projetos, dos quais quatro estão em plena operação há duas semanas.
No momento da crise, foram alocados todos os recursos e esforços em torno do Comitê de Crise de Abrigos da PMPA, localizado no Tecnopuc, sob a coordenação da Presidente da Procempa, Letícia Batistela, e do Secretário de Inovação de Porto Alegre, Luiz Carlos Pinto. A partir daí, o Pacto articulou centenas de voluntários em torno do desenvolvimento de duas plataformas de software: uma para gestão dos abrigos (Abrigos RS) e a outra para conectar as demandas e as doações (SOS RS Ajuda).
A plataforma Abrigo RS foi internalizada como ferramenta oficial da PMPA. A segunda está em fase final de homologação junto à Secretaria de Inovação de POA. O Pacto Alegre está articulando diversos parceiros nessa iniciativa: Sucesu RS, Instituto Caldeira, Tecnosinos, Zenit, Tecnopuc, SINDHA e TETO Brasil.
Por designação do Secretário de Planejamento do município, Cezar Schirmer, o Pacto está responsável, por meio do projeto Limpeza Solidária, também pelas ações de voluntariado para a limpeza das residências nas áreas afetadas. Já está atuando nas primeiras regiões liberadas pela prefeitura: Menino Deus e Cidade Baixa, articulando voluntários e plataformas de software como “Meu lar de volta”, e ONGs como Green Thinking, POA Lixo Zero e Crisis Cleanup. A central de trabalho deste grupo de limpeza solidária está localizada junto aos voluntários e à central de abrigos no Tecnopuc.
Além disso, o Pacto Alegre instalou um Hospital Veterinário de Campanha destinado a atender animais atingidos pelas enchentes, localizado no estacionamento da Unisinos, em Porto Alegre. O hospital recebe animais que necessitam de cirurgia e funciona mediante o encaminhamento dos abrigos. Para essa ação, articulou a atuação entre o Exército Brasileiro, Hospital Veterinário da UFRGS, a Brigada Militar e o Hospital Vila Nova.
O Pacto Alegre criou ainda um grupo de trabalho de apoio internacional, sob coordenação do consultor, Santiago Uribe, de Medellín, com a participação dos especialistas Jeff Hérbert (Coordenador do Escritório de Resiliência de New Orleans), Henk Ovink e Meike van Ginneken (Embaixadores da Água na Holanda), Arnoud Molenaar (Diretor do Escritório de Resiliência de Rotterdam) e Marcelo Pisani (Diretor da OMI da ONU, área de migrações). Este grupo está assessorando o Governo do Estado e o Governo Municipal na realização de um convênio com a OMI, envolvendo as secretarias de Inovação do RS e de Porto Alegre.
Em reuniões realizadas nesta semana, o Pacto apresentou ao Prefeito, Sebastião Melo, e ao Governador, Eduardo Leite, a Estratégia de Resiliência e Inovação Social Emergência Climática POA/RS. Dada a emergência e a necessidade de atuação imediata, os membros da Mesa do Pacto estão sendo informados e acionados para colaboração no novo Desafio e nos cinco projetos.
O Desafio Extraordinário Porto Alegre Resiliente foi criado com o intuito de mobilizar as forças da quádrupla hélice, que atuam no contexto do Pacto Alegre. O objetivo é fazer frente, de forma ecossistêmica, aos desafios atuais.
As principais ações deste projeto estão relacionadas a impactos já mapeados na literatura internacional de grandes desastres e crises humanitárias, como prevenir a migração forçada, ofertar assistência e proteção às pessoas, facilitar a migração como estratégia de adaptação das pessoas afetadas, melhorar a resiliência das comunidades atingidas e contribuir com a reativação da atividade econômica e do trabalho.
O Desafio Extraordinário Porto Alegre Resiliente abriga iniciativas e projetos, de curto e longo prazo, que objetivam atuar na mitigação dos efeitos das enchentes, decorrentes das mudanças climáticas, e na construção de uma nova visão de futuro da cidade e do Estado.
O Pacto quer contribuir na consolidação de uma cultura de resiliência na comunidade, entendendo a importância da cidade possuir uma estrutura organizada nesta área, com uma liderança pública ativa e reconhecida. Ainda, pretende criar um Comitê Científico de Emergência Climática, com a presença de pesquisadores e especialistas gaúchos de diferentes áreas de conhecimento, para assessorar e acompanhar a implantação do Programa de Emergência Climática e Ambiental do RS.
O programa envolve o estado do Rio Grande do Sul e se caracteriza como uma ação de longo prazo. Esta é a primeira vez, desde que a Aliança para a Inovação de Porto Alegre lançou o Pacto Alegre, há 5 anos, que se desenvolve um projeto que extrapola os limites da capital dos gaúchos, abrangendo o Estado como um todo. Por essa razão, convidou-se para participar da elaboração e execução do projeto a Secretária de Inovação, Ciência e Tecnologia do RS, Simone Stülp.
Projeto de abrigo e habitação:
a iniciativa tem a Prefeitura Municipal de Porto Alegre na organização e a atuação da Central de Abrigos de Porto Alegre, que está no Tecnopuc. A ação opera na ativação de voluntários para desenvolvimento de aplicações e sistemas, como o SOS RS Ajuda (acesse aqui e seja um voluntário), Voluntários RS e o AbrigosRS (acesse aqui para doar ou ser um voluntário). Além disso, há atuação na recepção e distribuição de doações, apoio psico-social e segurança.
O objetivo é que essa frente coordene a atuação das entidades na área de voluntariado e das doações, visando orquestrar as múltiplas ações e iniciativas públicas e privadas. Uma segunda frente de atuação do projeto envolve, em médio prazo, o planejamento do retorno das pessoas às suas residências e a elaboração de um plano imediato de novas residências resilientes construídas em regiões que tenham as condições mínimas de receber as pessoas e famílias, com segurança e condições dignas. O projeto busca por voluntários desenvolvedores que tenham disponibilidade de trabalhar quatro horas por dia. Aqueles que tiverem interesse devem entrar em contato com o Liana Rigon pelo telefone: (51) 98410-7762.
Projeto de limpeza solidária:
a iniciativa tem o objetivo de realizar a limpeza de casas e espaços públicos atingidos na cidade, com a colaboração de diferentes setores da sociedade. O programa focará na captação e no treinamento de voluntários. A captação será feita por meio do formulário de inscrições e os voluntários passarão por treinamentos técnicos que serão oferecidos por empresas especializadas em limpezas pesadas para maior eficácia dos trabalhos. Além disso, haverá treinamentos para suporte socioemocional, por profissionais especializados, para prepará-los para os desafios encontrados em campo.
Projeto de emergência climática e ambiental:
o Projeto será dividido em dois grupos. Um que será responsável pelo monitoramento, alerta, análise de riscos e que cuidará da comunicação em momentos de emergência e outro que ficará à frente da cultura de adaptação, mitigação e resiliência em larga escala nas comunidades. Esse programa será responsável por monitorar dados naturais contínuos (meteorológicos, hidrológicos, oceânicos, geodinâmicos etc.) conjugado com um sistema de alertas. Além disso, deverá vir acompanhado de uma estratégia de provisão de infraestrutura básica de água, energia e urbanismo de forma que estabeleça uma comunicação adequada e direta, centralizada e baseada em dados para todos.
O Programa também deve fomentar a construção, a adaptação e, se necessário, a realocação das infraestruturas de moradia, transporte, água, energia e esgoto para prepará-las para novas emergências. O Projeto emergência climática deve criar uma educação que prepare a população em geral, especialmente a urbana, para adoção de práticas de consumo e dietas mais saudáveis, parcimoniosas, com menos geração de lixo e desperdícios, e redução do metabolismo urbano. A ideia é que a iniciativa combine poder público, financiamento bancário de longo prazo, engajamento social e ciência disruptiva que se fundamente na sustentabilidade.
Projeto comunicação resiliente:
a iniciativa desenvolverá um plano de comunicação para gerenciamento da situação a curto, médio e longo prazo. O objetivo é informar, orientar e trazer uma visão de futuro que permita a retomada da cidade, busque evitar a evasão de cidadãos e investimentos, e, consecutivamente, melhore a autoestima dos porto-alegrenses no pós-enchente. O projeto visa fazer uma comunicação com transparência de informações, acesso aos dados e orientações técnicas e que seja capaz de combater fake news e evitar o caos emocional nas pessoas que ficam expostas aos prejuízos causados pelas enchentes e às diversas informações inverídicas que os colocam em riscos e criam problemas psicológicos. O plano de comunicação será baseado em três eixos estruturantes: narrativa, emergência climática e resiliência.
Projeto Hospital Veterinário de Campanha (HVC):
o Hospital Veterinário de Campanha está localizado no estacionamento da Unisinos em Porto Alegre, na Av. Luiz Manoel Gonzaga, 744. O HVC foi projeto para atender aqueles animais que precisam de cirurgia. Para que seja realizada, é necessário o encaminhamento de algum abrigo.
Sobre o Pacto Alegre
O Pacto Alegre é uma proposta de movimento de articulação e eficiência na realização de projetos transformadores e com amplo impacto para a cidade. O objetivo é criar condições para que a cidade se transforme em um polo de inovação, atração de investimentos e empreendedorismo. O convênio prevê o compartilhamento de recursos e parcerias com o poder público e a iniciativa privada. A ideia é unir forças da cidade, de todos os segmentos, em prol de uma agenda comum.
- Fonte: Pacto Alegre
- Imagem: Pacto Alegre
- 17 de maio de 2024