Os grandes hubs de inovação do mundo estão se abastecendo de profissionais bem formados, e essa tem sido uma ameaça constante para as empresas brasileiras, especialmente as gaúchas. Para resolver isso, o desafio é criar um ecossistema que incentive esses talentos a ficarem por aqui, apesar das propostas salariais tentadoras, defende o presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-RS) e líder do Tecnopuc Viamão e do Tecna, Julio Ferst.
“No passado, a gente lutava uma melhor formação, o que incluía a necessidade de mudanças nos currículos dos cursos de tecnologia. Pois bem, isso aconteceu em muitas universidades e hoje temos no Estado uma excelente formação profissional. Mas, precisamos rever algumas coisas”, sugere.
Segundo ele, muitas empresas pedem uma formação de nível elevado, mas os salários já não são tão competitivos, especialmente quando pensarmos na desvalorização do real frente a outras moedas, como dólar e euro. “Os salários são altos para a realidade brasileira, mas não para competir com os grandes hubs internacionais. Por isso, um caminho é pensar nessa questão e também em outros benefícios que os jovens têm aqui e que não teriam, por exemplo, em Dublin, na Irlanda”, analisa, citando um país que tem recebido muitos talentos da área de tecnologia.
Ferst tomou posse como presidente da Assespro-RS para o biênio 2021-2022 com a experiência de quem, além de atuar há décadas no setor de TI, de empresário a gestor público e privado, há muito tempo faz parte da entidade como diretor.
“Depois de 25 anos de Assespro-RS, agora enfrento o desafio de liderar esse grupo, e em um momento muito importante para o setor, já que a pandemia evidenciou para todos a importância da tecnologia para o futuro dos negócios das empresas”, destaca. A tecnologia foi a base para viabilizar os negócios em 2020, especialmente quando pensamos nas vendas on-line.
De 2008 a 2010, ele atuou em diferentes funções na Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul até assumir a liderança da pasta como secretário em exercício. Nesse período, participou da criação de projetos como a Lei de Inovação, o Programa de Apoio a Parques tecnológicos, o Programa de Incentivo a Empresas Inovadoras e o Telesaúde, entre outros.
O executivo já definiu as bases da sua gestão: o pilar político para proteger o setor, como na defesa da reforma tributária; o empreendedor e o humano. “O crescimento do nosso setor sempre teve como barreira a preparação da mão de obra”, diz, retomando o quão estratégico é esse tema.
Outra meta é cuidar com mais atenção da entidade. “Com a pandemia, o associativismo também ficou comprometido, pois, para as empresas precisaram e, se não verem benefícios, vão sair. A Assespro-RS sobreviveu até 2020, e agora vamos reorganizar tudo e modernizar os processos para melhor atender a entidade e o setor. Acabou a calmaria”, descontrai.
Fonte: Jornal do Comércio
02 de fevereiro de 2021