Certamente criptomoedas é um segmento para os fortes. Desde as primeiras operações com Bitcoin, lá no ano de 2009, inúmeras dificuldades foram observadas para sua adoção pelo público e empreendedores em geral. E o primeiro grande obstáculo encontrado por aqueles que se aventuraram a empreender nessa área foi o próprio governo.
Lá no ano de 2015, a pujante comunidade de empreendedores de Bitcoin de Nova York foi apanhada de surpresa pela BitLicense, uma licença obrigatória para quem quisesse atuar nesse setor, cujo custo aproximado de obtenção gira em torno de US$ 100 mil.
No dia em que a lei entrou em vigor, pelo menos 10 empresas fecharam as portas e foram para outros estados. Em alguns países, como Equador, Bolívia, Argélia, Arábia Saudita é ainda pior, pois o governo simplesmente proibiu qualquer atividade com esses ativos.
Nesse sentido, a regulamentação, seja ela excessiva ou inadequada, compromete significativamente o desenvolvimento de todo o setor. Por outro lado, uma regulamentação adequada, ou até mesmo um “sandbox”, como fez o Canadá, propicia um crescimento sustentável e permite explorar os limites da tecnologia.
Sistema financeiro contra criptomoedas
O segundo grande desafio para esse mercado é o próprio sistema financeiro tradicional. Os bancos começaram a fechar as contas das corretoras de criptomoedas, alegando “falta de interesse comercial” e mesmo impedindo transferências para ou de contas de corretoras ou empresas que operam com moedas digitais.
Para manter suas operações, já que conta bancária é praticamente um recurso básico para a operação de qualquer empresa, essas tiveram que ajuizar ações na Justiça, pleiteando liminares para manterem suas contas em funcionamento, aumentando, consequentemente, o custo de sua operação.
Outro aspecto que impacta a atividade é a impossibilidade de manter uma conta corrente à prova de penhora e arresto para movimentação de valores de clientes. Isso implica que uma simples ação trabalhista, por exemplo, pode acarretar um bloqueio judicial de valores pertencentes a clientes, demandando um extremo controle por parte das empresas.
Não há como parar a revolução tecnológica
E agora, a mais recente novidade é a decisão de empresas como Google, Facebook e Twitter de impedir a divulgação de anúncios sobre criptomoedas e ICO’s – ou Initial Coin Offering, que são as arrecadações de investimentos baseadas na emissão de criptomoedas.
Segundo Scott Spender, diretor de anúncios do Google, a restrição tem o objetivo de coibir a disseminação de golpes, pois “à medida que evoluem as tendências de consumo e melhoram nossos métodos para proteger a web aberta, também melhoram os esquemas de fraude online”.
Num mundo onde tudo está no Google, a decisão de impedir esse tipo de anúncio, sob a alegação de proteger o consumidor de fraudes e golpes, subestima a capacidade do leitor e avoca para si uma medida que deveria ser do consumidor, e não do veículo. Nesse sentido, fica-se aqui imaginando se esse é realmente o mote desse tipo de decisão.
No entanto, apesar de todas as dificuldades, o mercado de criptomoedas cresce a olhos vistos, dia após dia. O valor do mercado de criptomoedas deve passar 1 trilhão de dólares em 2018 e o interesse do público é cada vez maior. A revolução é tecnológica e, apesar da resistência natural, nada irá conseguir pará-la, quando muito postergar.
Fonte: Portal Biticom
26 de março de 2018