As pessoas da Geração Z, nascidas entre 1995 e 2010, conhecidas como nativas digitais, muitas vezes estão mais associadas às danças de TikTok, memes virais e à criação de novas gírias. Elas também são ágeis, questionadoras e absorvem rapidamente uma grande quantidade de informações. São mais abertas para a diversidade e buscam trabalhar em ambientes inclusivos. Estão chegando nas empresas e questionando a cultura que está escrita nas paredes, mas não condiz com os comportamentos das pessoas, motivando as empresas a se transformarem.
Uma pesquisa realizada pelo MIT Sloan School of Management aponta que as pessoas dessa geração priorizam vagas que ofereçam horários flexíveis (88%), bônus (77%), plano de saúde (69%), academia ou creche (38%) e trabalho voluntário durante o expediente (31%). As lideranças podem esperar por um time colaborativo e que se complementa para aprimorar os negócios das empresas. E que, ao mesmo tempo, precisa de diálogos constantes.
Já o estudo “Os desafios enfrentados pelas organizações atuais pela inserção da Geração Z no mercado de trabalho” afirma que “as pessoas da Geração Z possuem as seguintes características: são extremamente tecnológicas, muito familiarizadas com a internet, não aceitam a hierarquia tradicional (comando e controle), além de serem muito velozes e inovadoras”. Esse perfil comportamental exige um ambiente de trabalho com cultura colaborativa e com maior autonomia, com uso de tecnologias avançadas e interação entre todas as pessoas da empresa.
Já escutei que essas “exigências” não passam de “frescura” e “mimimi”, porém não é produtivo resistir contra um movimento que já foi estabelecido e vem ganhando cada vez mais espaço. A solução é analisar os principais pontos que estão sendo transformados, entender suas vantagens e como adaptá-los à cultura organizacional atual.
Criar um ambiente de entendimento e colaboração entre todas as partes, independente da geração, é o melhor caminho para a implementação e transformação de hábitos corporativos que já não cabem mais nos dias atuais. Um primeiro passo nessa direção é trabalhar a cultura e a liderança inclusiva.
Para isso, é importante analisar as diferenças culturais entre as gerações anteriores e a Geração Z. Hoje há uma preocupação muito maior das empresas em passar mensagens que estejam alinhadas com o mundo que deve ser construído para o futuro. Por exemplo: o programa Os Trapalhões foi sucesso de audiência durante os mais de 30 anos em que foi televisionada, arrancando gargalhadas com “piadas preconceituosas” que já não são motivos de risada, e sim de atenção, pois faziam uso de expressões racistas, homofóbicas e sexistas. Certamente um conteúdo que seria “cancelado”, termo adotado pela Geração Z, nos dias atuais.
Apesar de uma grande parcela alegar que não passam de expressões inofensivas que fazem parte do cotidiano brasileiro, termos como “mulherzinha”, “mal-amada”, “marica”, são alguns exemplos que já não fazem parte do vocabulário da nova geração e podem criar barreiras de comunicação na construção de um relacionamento saudável e benéfico entre as partes.
O caminho para transformar esses comportamentos não é fácil, mas certamente trará benefícios a você e sua empresa. O primeiro passo está em reconhecer a existência de crenças e hábitos ultrapassados que carrega consigo e, a partir disso, buscar desprendê-las. Quando os julgamentos surgirem, tente entender a raiz desses pensamentos e a motivação por trás deles. O julgamento acontece de forma automática e inconsciente, é importante trazê-los para a consciência sempre que eles vierem à tona.
Trabalhar os próprios vieses transformará a forma com que você se relaciona e lidera as pessoas do seu time. Oferecer um olhar empático e cooperativo aos colaboradores e colaboradoras facilita a boa convivência e a implementação de um ambiente corporativo mais alinhado com as tendências que estão sendo levantadas pela nova geração de profissionais. Para que haja a sustentabilidade dos negócios, é preciso entender como se comunicar de uma forma que engaje a Geração Z, ou elas não ficarão na sua empresa.
- Fonte: Administradores.com.br – Cris Kerr, CEO da consultoria especializada CKZ Diversidade.
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- 27 de setembro de 2022