Gartner recomenda novos atributos para infraestrutura e operações de TI

Aumentar a maturidade dos processos de TI foi considerada como o principal desafio dos CIOs no próximos 12 meses, conforme pesquisa divulgada nesta terça-feira, 3, na Conferência Gartner Infraestrutura de TI, Gestão de Operações e Data Center, seguida de inovação e estratégias de negócios. A questão de budget para investimento em infraestrutura aparece em quarto lugar, como tema dos desafios a serem enfrentados nesse ano.

Henrique Cecci, diretor de Pesquisa do Gartner, acredita que os executivos de tecnologia devem desenvolver a chamada “destreza digital” , um novo conjunto de atributos e capacidades para permitir que organizações operem com sucesso em um mundo digital em constante mudança. Para ele, a prioridade em infra está permeada em toda a organização de TI, pois as práticas tradicionais de Infraestrutura de Operações de TI (I&O) e arquiteturas de Data Center não são suficientes para atender às demandas dos negócios digitais.

Para o Gartner, a infraestrutura digital deve ser centrada apenas no data center, mas sim um hub de conectando novos elementos, como IoT, cloud, edge computing, indústria 4.0, IA, ecossistemas de parceiros e clientes

“Para I&O, isso significa maior destreza e escala digital – criando uma cultura que aprende e se adapta rapidamente”, ressalta Milind Govekar, vice-presidente de Pesquisa do Gartner.

“Escala tem muitas dimensões. As organizações incrementam para ganhar eficiências e escalam no todo para aprender habilidades de uma área a aplicá-las em outros departamentos. Mas o que está ocorrendo fora de TI e da empresa também se torna de vital importância na Era dos Negócios Digitais. Agora, as organizações devem visualizar em escala para fornecer interconexões de plataformas e ecossistemas internos e externos”, explica Cecci.

Recomendações

O Gartner identifica quatro pilares para aperfeiçoar e transformar a Infraestrutura e Operações nos próximos anos. São eles:

Ajudar a fornecer liderança de plataforma digital – As organizações de I&O devem implementar agilidade e inovação, além de focar na geração de valor para os clientes. Para isso, I&O se distancia de uma mentalidade baseada em tecnologia, orientada por projeto, em direção a uma abordagem de negócios digitais que cruza silos tecnológicos tendo foco nas competências de negócios para fornecer valor para clientes externos.

“Iniciativas digitais aumentam a necessidade de agilidade, requerem líderes de I&O para focar menos em antigas prioridades de TI e mais em automação”, explica Govekar. “Isso inclui redução de custos com torres tecnológicas tradicionais e investimentos no desenvolvimento de habilidades da mão de obra em automação de TI e plataformas baseadas em Cloud”, afirma

Implementar uma estrutura programável – Esse é o segundo pilar e se baseia em implementar uma Estrutura Programável. I&O não pode oferecer agilidade sem ser capaz de implementar e absorver mudanças. É necessária uma infraestrutura programável que possa sentir e responder rapidamente às necessidades dos clientes.

“Alcançar uma infraestrutura programável requer investimentos em componentes de plataforma que sejam definidos por software e que forneçam interfaces programáveis de aplicativos (APIs) para automatizar e organizar a demanda de trabalho em todas as plataformas de Cloud e em infraestrutura particulares, híbridas e públicas”, diz Cecci. “APIs fornecem acesso programático para serviços e dados de I&O. Elas devem ser implementadas para que os clientes de I&O, tais como programadores, possam consumir serviços e dados para criar novas soluções de negócios”, explica.

Implementar modelos de processos e operacionais ágeis – Ágil não é somente em relação a “ir rápido”.  Agilidade é uma abordagem ampla de sistema de detecção e resposta. A estrutura organizacional e a cultura de equipe terão uma mudança para refletir os avanços nos produtos e o foco nos clientes. “Mudança de cultura geralmente é considerada como as tarefas mais difíceis de liderança”, diz Govekar.

Segundo o analista do Gartner, em todos os projetos de transformação de cultura, grandes mudanças são mais difíceis de realizar. Por isso, a organização deve selecionar membros de equipes ansiosos em aceitar desafios e com vontade de trabalhar de novas maneiras, com personalidade para inspirar outros profissionais. É importante iniciar com esses tipos de pessoas que desejam trabalhar como uma equipe. A cultura de herói não evolui e é difícil e sustentar.

Pessoas versáteis–  O Gartner prevê que até 2020, 75% das empresas enfrentarão rupturas visíveis de negócios devido ao déficit de competências de I&O. Esse é um aumento comparado com menos do que 20% registrados em 2016. Fechar o déficit exigirá uma mudança considerável na mentalidade dos líderes de I&O que tendem a focar no “que” dos trabalhos de I&O – conhecimento técnico, educação e treinamento, por exemplo. Enquanto que novas competências técnicas serão necessárias, Soft Skills – habilidades transversais – tais como pensamento crítico, solução de problema, conhecimento de negócios e habilidades de comunicação, serão tão importantes quanto à qualificação técnica.

O Gartner prevê que até 2021, 40% da equipe de TI será mais versátil que a própria tecnologia, tendo profissionais que conseguem desempenhar múltiplos papéis, cuja maioria será relacionada a negócios. Essa mudança começa primeiramente em I&O e, então, será seguida por gestores de TI não técnicos e líderes com perfil de versatilista.

“A chave em oferecer valor digital em escala é ter pessoas com o talento certo”, diz Cecci. “Atualmente não há simplesmente talento suficiente com destreza digital para contratar, então, líderes de I&O precisam desenvolver as competências nas suas próprias equipes”.

Fonte: TI Inside

03 de abril de 2018