O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) lançaram nesta terça-feira, 3, no Futurecom 2017, o relatório do estudo que subsidiará a elaboração do Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT).
O estudo reúne mais de 70 iniciativas para direcionar as políticas públicas e ações para Internet das Coisas entre 2018 e 2022, incluindo propostas focadas nos ambientes mapeados como prioritários: saúde, cidades inteligentes (smart cities), indústria e rural. “O Brasil precisa estar à frente no cenário de IoT. O BNDES é a instituição ativa para pôr o plano em marcha”, disse o diretor de Planejamento, Pesquisa e Tecnologia da Informação do banco, Carlos Da Costa, que representou a instituição no lançamento.
Segundo ele, o plano é uma oportunidade para o BNDES atuar como indutor e apoiador das iniciativas previstas, como também rever e aperfeiçoar seus instrumentos de apoio à inovação. “O investimento em inovação é estratégico para o BNDES, por isso capitaneamos esse estudo junto ao MCTIC”, completou.
O potencial de impacto e relevância de IoT para o país, diz Da Costa, pode ser evidenciado nas propostas do estudo, como apoiar projetos pilotos nesses ambientes priorizados. Iniciativas como “Hospital 4.0”, que reduzem filas de atendimento, custos de operação e infecção hospitalar, entre outros indicadores. Na área rural, destaque para as iniciativas como a “Fazenda Tropical 4.0”, que aumentam a produtividade e a qualidade da produção rural brasileira com o uso de dados, que, por exemplo, ajudam a monitorar com precisão os ativos biológicos.
Na área de indústria, a implementação de IoT nas pequenas e médias empresas permite aumentar a produtividade da manufatura local por meio de processos fabris mais eficientes e flexíveis, de integração das cadeias produtivas, e do desenho de produtos e modelos de negócios de maior valor agregado, afirma o relatório.
Agenda mobilizadora
O estudo revela, ainda, a necessidade de se aumentar a oferta e qualidade de cursos técnicos, profissionalizantes e de extensão voltados a competências básicas de Internet das Coisas, como também o incentivo à adoção da IoT por meio de financiamento de estudos e projetos pilotos que comprovem benefícios significativos na adoção de tais tecnologias. Outro viés apontado é a importância da implementação de um marco regulatório, com aprimoramento dos aspectos legais e institucionais, para lidar com os crescentes riscos à segurança da informação.
Redes de inovação temáticas, segundo o documento, também serão criadas para que grandes empresas, startups e centros de pesquisa possam gerar cada vez mais projetos exequíveis ao mercado, com a combinação de funding público e privado. Da Costa considera que a internet das coisas é uma agenda mobilizadora perfeita para acelerar a absorção dos ganhos que as tecnologias podem trazer para o País. “Entregaremos o mais rapidamente possível ganhos nos ambientes de cidades, saúde, rural e indústria para a sociedade”, disse.
Estudo Nacional de IoT
Selecionado ano passado por chamada pública do BNDES, o consórcio formado pela consultoria McKinsey, Fundação CPqD e Pereira Neto Macedo foi o responsável pela condução do estudo, intitulado “Internet das Coisas: Um plano de ação para o Brasil”.
A primeira fase do trabalho, concluída em março, foi de diagnóstico, para obter uma visão geral do impacto da IoT no Brasil, entender as competências nacionais de tecnologia da informação e comunicação e definir as aspirações iniciais para IoT no país.
A segunda etapa, de seleção e priorização das temáticas verticais e horizontais, terminou em maio. Em setembro, foi finalizada a terceira fase dos trabalhos, que resultou na elaboração da visão e do plano de ação para o período de 2018 a 2022. A quarta e última etapa, de suporte à implementação, é voltada à elaboração e implantação do plano de ação.
O plano de ação contempla 43% das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos pela União Internacional de Telcomunicações (UIT), braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para o setor de telecomunicações, que relacionou como a IoT pode auxiliar o mundo a alcançar esse propósito. Isso, diz o relatório, aponta clara e diretamente o quão benéfica a adoção de IoT pode ser para a sociedade brasileira. O documento enfatiza que, para que o Brasil se posicione de forma destacada na corrida tecnológica e aproveite suas vantagens em tais ambientes — saúde, smart cities, indústria e rural —, precisa agir para destravar barreiras que limitam o potencial de desenvolvimento. Por isso, diversos obstáculos tocam em mais de um —ou até todos — os ambientes mapeados.
Após um processo colaborativo de avaliação dos principais desafios de cada vertical e das horizontais, elencou-se um conjunto de iniciativas relevantes para destravar e estimular o desenvolvimento de IoT. O levantamento contabilizou cerca de 200 iniciativas. Após múltiplos processos de refinamento realizados em conjunto com BNDES e MCTIC e com participação da Câmara IoT, chegou-se a 46 iniciativas pertencentes ao plano e um conjunto de elementos catalisadores para impulsionar o desenvolvimento de IoT no Brasil.
Para cada ambiente foram realizadas dinâmicas com atores relevantes dos setores envolvidos para estabelecer uma visão do que se almeja com Internet das Coisas. Alguns exemplos de atividades realizadas para a construção da visão, dos objetivos e das iniciativas do plano de ação incluem workshops sobre os ambientes de saúde, rural e indústria com mais de 140 participantes, entrevistas com cerca de 60 atores cruciais para o sucesso do plano de ação em cada uma das verticais e horizontais, além de comitês de trabalho com especialistas nos ambientes de aplicação. Os relatórios específicos de cada uma das quatro verticais detalham o processo particular de construção da visão em cada ambiente.
Fonte: Computerwold
4 de Outubro de 2017