Dentro do cenário da pandemia da Covid-19, a fase de realimento vai durar mais tempo que o anteriormente projetado e, dentro da chamada jornada para a recuperação, a maioria das empresas (40%) ainda se encontra na fase de recessão, período quando a organização está focada na resiliência operacional para garantir que esteja pronta para crescer novamente no futuro.
Em sua terceira apresentação mensal sobre o impacto da Covid-19 na indústria de TIC na América Latina, Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria para os mercados corporativos na IDC, explicou que, depois de passar pela etapa de choque e pela fase de organização, quando as empresas tentaram reagir, buscando continuidade dos negócios e manter operações funcionando, entrou-se na fase de realinhamento.
“Eles estão vendo os gaps para poder tomar ações e transformar o que era uma condição provisória e que passa a ser permanente. Isto é um caminho natural para o que estamos chamamos de novo normal, ou seja, uma nova condição de fazer negócios e interagir”, afirmou. O especialista admitiu que, diferentemente do que se imaginava e previa, a fase de realinhamento não será de dois a três meses, mas, sim, levará entre seis e onze meses.
“Estamos vendo que há desafios e temas que têm estendido esta fase, o que nos leva a ter uma visão mais otimista de retomada a partir do primeiro trimestre de 2021”, assinalou Ramos, lembrando que a crise tem um formato de U e que a velocidade da recuperação depende de quanto tempo se permanecerá no vale.
O estudo da IDC divulgado em junho, com dados referentes a maio, apontou que as empresas na América Latina estão um pouco mais otimistas que as mundiais em relação ao controle da Covid-19, porém, os acentuou-se a expectativa de menores gastos de TI em 2020, mesmo em no segundo semestre. A visão mais otimista, salientou Ramos, não se reflete em como as organizações estão vendo suas expectativas perceptivas de gastos.
A quantidade de empresas na AL que acreditam que seus gastos com tecnologia da informação serão menores do que os originalmente orçados tanto em no segundo trimestre quanto no ano completo aumentou. Em abril, 42% das empresas da região apontaram que seus gastos seriam menores no 2T20, porcentual que subiu para 53,4% em maio. Já para o ano de 2020 o aumento foi ainda maior, passando de 31,3% para 50,4%.
Para lidar com os desafios impostos pela Covid-19, as empresas têm lançado mão de diversas estratégias, sendo as mais usadas o emprego de modelo de trabalho dinâmico e reconfigurável (62,8%); a conexão de organizações e indivíduos perfeitamente, independentemente de sua localização, situação ou contexto (52,4%); e a garantia da resiliência da infraestrutura digital (40%).
“Ter trabalho dinâmico e reconfigurável se tornou algo muito importante em tempo de pandemia e também manter os indivíduos conectados de forma segura. Esses são os dois pontos principais da agenda e que tocam trabalho remoto, conectividade e ferramentas que vão permitir a continuidade dos negócios. Em seguida, vemos a resiliência da infraestrutura e como as empresas estão se adequando para acomodar as mudanças e os programas de segurança”, destacou Ramos.
A jornada de recuperação, na visão da IDC, conta com cinco fases e a maior parte das empresas está no meio dela: 8% das companhias estão na fase inicial de crise, quando as empresas colocam foco na continuidade dos negócios; 22% na desaceleração (foco no ROI), 40% na recessão (foco na resiliência operacional), 6% na aceleração (foco nos investimentos direcionados) e 24% na recuperação (foco na inovação).
“No Brasil, as respostas de meados de maio, algo bem recente, apontam que temos uma boa parte das empresas na parte da recessão e 24% se classificam na fase de recuperação. São empresas que, de fato, conseguiram, por meio de preparação, olhando para o lado digital, para multicanalidade e customer center, conseguiram mais rapidamente se adequarem à nova realidade, avançar com os clientes e reagir mais rapidamente”, disse Ramos.
Fonte: Convergência Digital
04 de junho de 2020