Compra e venda de empresas saltaram 20,7% no primeiro trimestre

Com 438 operações e investimentos de R$ 104,8 bilhões no primeiro trimestre de 2022, o volume de fusões e aquisições de empresas no Brasil saltaram 20,7% em volume, mas caíram 32,3% no valor em relação ao mesmo período do ano passado. As informações são de Felipe Argemi, sócio-fundador da boutique de fusões e aquisições Santis.

O ano começa mais aquecido em termos de volume e dá continuidade no movimento recorde de 2021 com mais de 1.900 transações no valor de R$ 732,8 bilhões, crescimento de 65,2% das operações e de 110,6% dos investimentos em relação a 2020. Taxas de juros ainda baixas na maior parte do ano passado e uma onda de aberturas de capital na bolsa de valores – onde 46 empresas realizaram R$ 65,6 bilhões em ofertas iniciais de ações (IPOs) – resultaram em grande liquidez no mercado e capital “barato” para aquisições.

Mesmo assim, este ano será de maior cautela para investidores e compradores em busca de oportunidades de consolidação. O mercado ainda tem bastante liquidez, mas será mais desafiador devido ao aumento da taxa de juros, que atingiu 11,75% – patamar que não se via desde abril de 2017 -, e à eleição presidencial, que gera incertezas. Além disso, nenhum IPO foi realizado no primeiro trimestre de 2022.

“Esperamos um ano mais cauteloso, mas os setores de finanças, saúde e tecnologia devem se destacar novamente”, avalia Argemi, cuja boutique assessorou a SulAmérica com a compra da Sompo Saúde por R$ 230 milhões, em dezembro de 2021. “O plano de saúde é um dos itens mais desejados pelos brasileiros, mas ainda é considerado caro e a maior parte dos beneficiários são suportados por planos corporativos. Outro ponto importante é que cerca de 82,8% da receita dos hospitais advém de planos de saúde”, acrescenta.

O setor da saúde, a propósito, viu grandes movimentos recentemente, como a fusão de Hapvida e GNDI e a associação de SulAmérica e Rede D’Or. Os maiores players verticalizados, que oferecem planos de saúde e possuem hospitais, clínicas, centros de diagnóstico e pronto atendimento, buscam oportunidades de sinergias, além de fortalecer suas carteiras de beneficiários. Em termos de novas geografias, deveremos ver mais transações no Sul e Nordeste do Brasil”, comenta Argemi.

O especialista constata ainda que há muitos investidores estrangeiros buscando oportunidades de investimento no setor de tecnologia, marcado por grandes inovação e potencial: “Devido à forte depreciação da moeda durante a pandemia, os investidores estrangeiros perceberam que a mão de obra brasileira se tornou atrativa em relação ao custo de uma equipe ou empresa nos EUA e Europa, apesar da recente valorização do Real.

Além disso, temos um número crescente de unicórnios no país, reafirmando as possibilidades de investimento e o tamanho da oportunidade do mercado local”. “Nesta década o setor de tecnologia será destaque no Brasil e no mundo”, finaliza Argemi.

 

  • Fonte:  Administradores.com.br
  • Imagem: Freepik
  • 16 de maio