No Rio Grande do Sul, há mais de 17 mil empresas de tecnologia, sendo o Brasil o maior mercado de TI da América Latina, commarket share de 36%. Esse foi um dos dados trazidos pelo vereador Valter Nagelstein (PMDB), no ato de instalação da Frente Parlamentar de Inovação e Tecnologia da Câmara Municipal de Porto Alegre, que ocorreu na tarde desta sexta-feira (15/9) no Plenário Ana Terra.
Proponente da Frente, Nagelstein ressaltou, diante de dezenas de representantes de órgãos e entidades vinculados ao setor, assim como membros do Executivo municipal, que a intenção da iniciativa é tornar a capital gaúcha referência no segmento de economia digital. “Queremos ampliar o debate entre poder público, universidades, sociedade e empresários para promoção de sugestões, projetos e políticas de inovação que possibilitem a atração de investimentos, competitividade aos empreendedores gaúchos e inclusão social”, destacou. Segundo o vereador, os trabalhos serão focados em ações que viabilizem a implantação, na prática, do Fundo de Inovação e Tecnologia de Porto Alegre (FIT/POA), já previsto em legislação.
Sete pautas serão priorizadas para debate nos próximos três meses, de acordo com o presidente do Seprogs, Diogo Rossato: a regulamentação da Lei Complementar de Inovação da Capital; o fomento e a inovação em startups; a reformulação do 4º Distrito; o mapeamento da malha de fibra óptica em Porto Alegre; ações para tornar a cidade uma smart city; a inclusão obrigatória da disciplina de computação e empreendedorismo na grade do Ensino Fundamental e sugerir, avaliar e apoiar a promoção de eventos temáticos, como a Semana da Ciência e Tecnologia, que ocorre em todo o Brasil em outubro.
Vereadores
O vereador Felipe Camozatto (NOVO) disse que Porto Alegre precisa estabelecer prioridades e fazer escolhas. “Que tipo de gastos nossa cidade quer ter? Que tipos de burocracias são necessárias e quais podem ser eliminadas? O fato é que o tempo de espera para empreender aqui deve ser reduzido”, concluiu.
Ricardo Gomes (PP) afirmou que o papel preponderante do governo deve ser o de não atravancar. “Infelizmente, com o passar do tempo, nossa cidade foi se tornando um lugar difícil de se empreender. Mesmo em um momento difícil para a economia, devemos buscar soluções que fomentem o desenvolvimento”, finalizou.
Informatização
Daniel Scherer, presidente da Susesu, há 49 anos no mercado, lembrou que, no ano de fundação da empresa, o número de computadores no Rio Grande do Sul não chegava a dez. “Naquele momento, a alternativa encontrada para tirar dúvidas e conversas sobre tecnologia foi se unir, e assim deve ser até hoje, as entidades devem conversar”, disse, acrescentando que a educação é o caminho.
Durante um determinado período, o setor passou a não ter com quem falar, enfatizou Julio Ferst, que representou o TecnoPuc. “Se nós queremos uma cidade tecnológica, temos que ter ações e fortalecer as empresas. Hoje o TecnoPuc emprega mais de 6 mil pessoas do setor de tecnologia. Além disso, é necessário mais investimento na qualificação e na formação do corpo docente. “Os alunos são nativos digitais e os professores não chegaram lá ainda”, afirmou.
A tecnologia pode ser uma oportunidade de passar a enxergar o Guaíba, destacou Edgar Serrano, presidente da Fenainfo. “Projetos de inovação podem ser construídos para a cidade por gente daqui, com investimento gerado a partir de aluguéis de espaços do cais”, relatou.
OAB e Executivo
Pedro Alfonsín, da Ordem dos Advogados do Brasil / Seção RS (OAB-RS), citou uma frase que atribuiu ao vereador Ricardo Gomes: “Só existe aumento de receita quando existe desenvolvimento econômico. Temos um cenário favorável para desenvolver o nosso Estado, e a iniciativa de criação dessa frente é brilhante”, declarou.
Paulo Miranda, presidente da Procempa, afirmou que Porto Alegre, comparada a outras capitais brasileiras, possui um ambiente invejável. “Sabemos que ainda há muito que avançar, especialmente em infraestrutura, qualificação e mão de obra”, disse. “A tecnologia é o principal caminho para o desenvolvimento”, afirmou Leonardo Busatto, secretário municipal da Fazenda. “Esse é o setor que deve ser fomentado e desenvolvido, e, neste caso, o papel do Executivo é não atrapalhar”, declarou.
O vice-prefeito de Porto Alegre, Gustavo Paim, concordou que Porto Alegre é uma cidade difícil de se empreender. “Parece que há um ranço conservador no sentido de aversão a mudanças. Temos que trazer nossa cidade para o século XXI”, concluiu, destacando os parques tecnológicos da Capital, os aplicativos que como o Eu Faço POA, o cercamento eletrônico da cidade e o Masterplam do 4º Distrito. “Nossa ciadade está de portas abertas para se modernizar e ouvir o setor”, concluiu.
A Frente Parlamentar de Inovação e Tecnologia foi requerida pelos cinco vereadores que compõem a bancada do PMDB e foi aprovada pela unanimidade dos parlamentares. As datas dos próximos encontros ainda serão definidas.
Texto: Lisie Venegas (reg. prof.13.688)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Câmara Municipal de Porto Alegre
15 de setembro de 2017