As empresas estão obrigadas a fazer investimentos em infraestrutura de TI, se quiserem ingressar definitivamente na era digital, informa o Gartner. Segundo a consultoria, as antigas práticas de infraestrutura e operações (I&O) e arquiteturas de data centers tradicionais não são suficientes para atender às demandas dos novos negócios digitais.
A transformação digital requer agilidade e velocidade de TI superando arquiteturas e práticas clássicas. Em 2018, a tecnologia será cada vez mais responsável por suportar aplicativos complexos e distribuídos usando novas tecnologias espalhadas por sistemas em vários locais, incluindo data centers locais, nuvem pública (public cloud) e fornecedores de hospedagem.
O vice-presidente e analista emérito do Gartner, David Cappuccio afirma que os líderes de I&O devem se concentrar em 10 tecnologias e tendências para apoiar a transformação digital de suas empresas.
“Essas não são necessariamente as 10 principais tecnologias, nem as melhores tendências em TI, mas sim as 10 tendências que consideramos que terão impacto nas equipes de I&O nos próximos anos”, diz.
Algumas já estão acontecendo, outras estão apenas no início, mas Cappuccio afirma que cada uma terá um impacto sobre como a TI opera, planeja, aprimora conjuntos de habilidades internas e oferece suporte ao negócio. As tendências são:
Estratégico
1. Planejamento Geográfico – Os fatores externos, incluindo novas leis globais como o Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia, as cargas de trabalho de cada região e o acesso à rede global e regional estão levando a TI a gastar mais tempo no planejamento geográfico como parte de suas estratégias de longo prazo.
O objetivo em longo prazo não é possuir uma infraestrutura global, mas construir a infraestrutura necessária para suportar o negócio por meio de parceiros, bem como alavancar a infraestrutura de parceiros de uma organização para ajudar a apoiar iniciativas como múltiplas conexões de rede e design e suporte de infraestrutura.
2. Intelligent Edge – Muitos projetos de negócios digitais criam dados que podem ser processados de forma mais eficiente quando o poder de computação é próximo da coisa ou da pessoa que o gera. As soluções de Edge Computing abordam essa necessidade de poder de computação localizada.
Por exemplo, no contexto da Internet de Coisas (IoT), as fontes de geração de dados geralmente são coisas com sensores ou dispositivos embutidos. A era da inteligência serve como a extensão descentralizada das redes de campus, redes celulares, redes de Data Center ou a Nuvem.
As organizações que embarcaram em uma jornada de negócio digital perceberam que é necessária uma abordagem mais descentralizada para atender aos requisitos de infraestrutura de negócios digitais.
3. Intent-based Networking (IBNS) – O Gartner prevê que até 2020, mais de mil grandes empresas usarão sistemas de Intent-Based Networking. Intent-based networking (IBNS) não é um produto ou um mercado e sim um software de rede que ajuda a planejar, projetar e implementar/operar redes que podem melhorar a disponibilidade e agilidade das empresas, o que se torna cada vez mais importante à medida em que há a transição das organizações para novos modelos com negócios digitais.
Com a IBNS, ao invés de definir explicitamente a rede o que precisa ser feito, o software traduz a intenção do negócio para determinar a “correção” da configuração da rede antes da implantação. O sistema então compara continuamente o estado real e desejado da rede em execução.
Tático
4. Economia de Integração – Um negócio digital é suportado por plataformas tecnológicas em cinco áreas: Sistemas de Informação, Experiência do Cliente, Dados e Análises, IoT e Ecossistemas. A plataforma de tecnologia de ecossistemas apoia a criação e conexão de ecossistemas externos, mercados e comunidades.
O gerenciamento da Interface de Desempenho de Aplicativos (API- Application Performance Interface) permite que a plataforma digital funcione. As organizações devem projetar APIs, com base nos requisitos do ecossistema, não “de fora para fora”, com base em aplicativos existentes ou infraestrutura tecnológica.
“Certifique-se de que sua organização adote uma ‘primeira API’, projetada com base nos requisitos do ecossistema da sua organização. As APIs projetadas dessa maneira podem ser mapeadas para infraestrutura de tecnologia interna. Esta abordagem é mais eficaz do que simplesmente gerar APIs baseadas em modelos de infraestrutura e dados existentes ” explica Cappuccio.
5. Reputação e Experiência Digital – Existem duas tendências interligadas que afetam os negócios hoje que não têm nada a ver com a infraestrutura de TI, mas tudo a ver com o design da infraestrutura. O Gerenciamento de Experiência Digital (DEM – Digital Experience Management) é o impacto de apresentar a experiência digital correta aos clientes.
A experiência pode ser móvel ou baseada na web, e deve estar sempre disponível, melhorando e executando continuamente de forma rápida e consistente. Se algum desses itens estiverem faltando, a satisfação do cliente corre riscos. Se a satisfação do cliente está em perigo, especialmente no mundo das redes sociais de hoje, a reputação corporativa pode ser prejudicada rapidamente.
6. Além da TI tradicional – Novas Realidades – As unidades de negócios exigem agilidade, abrindo novos mercados, assumindo concorrentes emergentes, trazendo novos fornecedores e criando formas inovadoras de interagir com os clientes.
Mais de 30% dos gastos atuais em TI não fazem parte do orçamento do setor, mas a responsabilidade geral por apoiar essas novas iniciativas –uma vez que elas são testadas e estabilizadas– residirá com TI tradicional. Gerenciar esses novos provedores, gerenciar fluxos de trabalho e gerenciar novos tipos de ativos neste ambiente híbrido, independentemente de onde eles estão localizados, se tornará crucial para o sucesso da TI.
Operacional
7. DCaaS como estratégia – Em um mundo perfeito, pelo menos na perspectiva de muitos líderes empresariais, a TI e o centro de dados seriam essencialmente um gerador muito ágil de resultados de serviços, e não o proprietário da infraestrutura.
Para fazer isso, as organizações estão criando um modelo de Data Center como Serviço (DCaaS), no qual o papel da TI e do centro de dados é entregar o serviço certo, no ritmo certo, do provedor certo, ao preço certo. “Tomar decisões fundamentais em um curto prazo pode levar a uma estratégia de longo prazo que incorpora o melhor de ‘como um serviço’ e a Nuvem, sem comprometer os objetivos globais da TI, tanto para proteger e habilitar o negócio.
Desta forma, a TI pode permitir o uso de serviços na Nuvem em toda a empresa, mas com foco na escolha do serviço certo, no momento certo, do provedor certo e de tal maneira que o serviço e suporte de TI subjacente não ficar comprometido”, afirma Cappuccio.
8. Adoção de nuvem cautelosa – Para muitas empresas, migrar para a Nuvem é um processo lento e controlado. Os provedores de colocação e hospedagem estabeleceram nuvens privadas ou compartilhadas em suas instalações para fornecer aos clientes alguns serviços básicos, permitindo migrações controladas, treinamento de habilidades de pessoal e um ambiente de Nuvem “seguro” como um passo para o aumento da adoção de Nuvem no futuro.
À medida que os clientes se sentem confortáveis com esses serviços e custos, o aumento das migrações para provedores externos é habilitado através de serviços de interconexão. Usar esse ecossistema parceiro para permitir uma infraestrutura ágil é uma tendência emergente.
9. Otimização de capacidade – Em todo o lado – As organizações precisam se concentrar na otimização da capacidade e evitar desperdícios – coisas que são pagas, mas que não são realmente usadas. Esse problema pode ser encontrado tanto nos centros de dados de premissa existentes quanto na Nuvem.
É necessária uma mudança de cultura para corrigir esse problema. As organizações devem aprender a se concentrar não apenas no tempo de atividade e na disponibilidade, mas também na capacidade, na utilização e na densidade. Isso pode prolongar a vida de um Data Center existente e reduzir as despesas operacionais dos fornecedores da nuvem.
10. Gerenciamento de infraestrutura ampliada – O centro de dados como única fonte de infraestrutura de TI deu lugar a um modelo híbrido de instalações locais, colocação, hospedagem e soluções de nuvem públicas e privadas. Esses elementos estão sendo combinados com um foco no fornecimento de serviços e resultados de negócios, ao invés de um foco na infraestrutura física.
As empresas devem aplicar uma “mão firme” para a estratégia e planejamento de TI, de futuro, em toda a empresa, e aplicar proteções apropriadas, ou enfrentar a possibilidade de perder relevância, governança e agilidade empresarial.
Fonte: TI Inside
01 de fevereiro de 2018