Empresa passou por diversas consultorias e auditorias externas
Patricia Knebel
A gaúcha Processor se tornou a primeira empresa de tecnologia do Brasil a conquistar a certificação de Compliance, que visa comprovar a existência de mecanismos de integridade preparados para prevenir e detectar possíveis
irregularidades, especialmente as relacionadas à Lei Anticorrupção. São apenas dois players no País com essa certificação o outro é a AGQ Gestão da Qualidade.
Até certificar que uma empresa segue todas as normas legais, que atende À Lei Anticorrupção e que nada a desabona, é um longo caminho. A Processor passou por diversas consultorias e auditorias externas que apontaram os
pontos que deveriam ser contemplados na preparação para obter a certificação. Uma das ações foi a criação de um Comitê Interno de
Compliance – o que, aliás, é uma determinação da norma. “Trabalhamos para estabelecer todos os regramentos e demonstrar que não existia nenhum cenário de risco que poderia levar a situações de corrupção”, explica a coordenadora de Expansão e Compliance Officer da Processor, Benicia Montelli.
O nível de detalhamento dos auditores é grande e chega até à validação de que a empresa realmente possui um jardim que justifique a emissão de uma nota fiscal a um jardineiro. Outra situação corriqueira dentro de uma corporação, e que para atender à norma de Compliace precisa ser adequada, é a política de entrega de brindes. Afinal, a empresa costuma dar presentes para fazer negócios? Que tipo de brinde é esse? Será que não existe risco de um vendedor fechar um negócio menos lucrativo, porque, em contrapartida,
está recebendo algum agrado do fornecedores? Todas estas questões foram consideradas.
“A norma não estabelece que a empresa não pode dar ou receber brindes, mas estimula a criação de políticas claras sobre esse tema, como um teto máximo de valor”, explica Benicia. A Processor conseguiu a certificação em 90 dias, tempo recorde levando em consideração a complexidade envolvida.
“Isso foi possível, porque já tínhamos uma base sólida de regras de conduta dentro do nosso Sistema de Qualidade. Além disso, temos a ISO desde 1998, então a adequação às regras de Compliance foi mais leve”, conta.
O líder do Comitê Técnico da Ebanc, Wagner Giovanini, elogia a conquista da Processor. “É preciso enaltecer o fato de a companhia ter se engajado na implantação do programa completo e, com isso, comprovar que está indo na
direção certa para prevenir atos contra a administração pública”, analisa. A Ebanc foi criada para viabilizar o registro e a publicação da DSC 10.000 – Diretrizes para o Sistema de Compliance – e funciona como acreditadora dos organismos certificadores e seus auditores credenciados.
“Essa não é a realidade da maioria das empresas do Brasil, que, de uma forma geral, possuem no máximo simples códigos de conduta. Ou seja, ainda estão longe de conseguir esta certificação”, complementa.
A norma é recente. Foi publicada em 2015, e apenas no ano passado começaram a ser realizados os treinamentos das empresas responsáveis por fazer as auditorias.
Portanto a expectativa é que a adesão aumente. No site da Ebanc, mais de 2 mil empresas já fizeram o download da norma, que serve como guia para a implantação destes novos processos e a consequente certificação. Cerca de 25 estão quase prontas para buscar certificação nos próximos meses.
Giovanini diz que, nesse momento, ter a certificação é um diferencial competitivo. “Algumas empresas que estão em processo de certificação começam a incentivar que os seus fornecedores façam o mesmo. Então devemos ter um efeito cascata em breve”, projeta.
JC
23 de maio de 2017