Para os donos de pequenos negócios, 2018 não foi um bom ano, mas sete em cada 10 empreendedores apostam que 2019 será melhor. É o que revela pesquisa “Expectativa para a economia e para a empresa”, feita pelo Sebrae entre agosto e outubro, com mais de 5,8 mil empreendedores. Para 30% dos micro e pequenos empresários, a corrupção foi um dos problemas que prejudicaram suas empresas, um fator acima da taxa de juros, do desemprego e da recessão. Mas 67% dos empreendedores estão otimistas com o próximo ano.
“O resultado da eleição mostrou que o brasileiro, de um modo geral, não tolera mais a corrupção. E isso também se reflete nos pequenos negócios, que representam a grande força da nossa economia. Prova disso é que estes empresários apostam na mudança no governo e em crescimento de vendas para o próximo ano”, analisa o presidente Guilherme Afif Domingos.
Segundo a pesquisa, 46% dos entrevistados apontam o ano de 2018 como pior para os negócios. Mas quando o assunto é o futuro, a maioria (67%) tem expectativa positiva e acredita que 2019 será um ano melhor. Apenas 9,9% estão pessimistas e acham que próximo ano será pior. Os empresários do Norte do País mostraram-se mais otimistas em relação ao próximo ano, se comparados aos entrevistados das demais regiões. A expectativa mais negativa partiu principalmente dos empreendedores com nível de escolaridade alta (superior ou mais), enquanto que a positiva está acentuada entre os com menos estudo (até Ensino Médio).
Para 29,8% dos entrevistados, o problema que mais prejudicou sua empresa em 2018 foi a corrupção, enquanto 19,7% dos empresários se queixaram da taxa de juros e 18,7% apontaram os elevados níveis de desemprego como o vilão para seus negócios. Os microempreendedores individuais (MEIs) foram os que mais reclamaram da falta de trabalho no setor, enquanto as empresas de pequeno porte (EPP) e microempresas (ME) citaram a corrupção e a recessão como principais problemas. Empresários do sexo masculino e acima dos 35 anos acusaram a corrupção, enquanto a mulheres disseram as altas taxas de juros e o desemprego foram mais prejudiciais para seu empreendimento este ano. E para os mais jovens, a alta taxa de juros foi seu maior problema.
O combate à corrupção, para 39% dos 5.870 empresários entrevistados, principalmente MEI, deve ser a principal preocupação do governo em 2019. Outros 28,4% empreendedores, a maioria EPP e com maior grau de escolaridade, avaliam ser mais importante estimular o crescimento econômico. Já o combate à inflação foi citado por 14,5% dos entrevistados e o corte de gastos por 15,1%.
As eleições deste ano também trouxeram otimismo para 41,8% dos empresários dos pequenos negócios, dos segmentos do Comércio, Indústria e Serviços, que acreditam que o pleito trará grandes mudanças no país. Outros 23,9% avaliam que haverá poucas mudanças e 22,6% não creem em modificações no cenário atual. Os mais pessimistas (27%) são os MEI. O Norte lidera entre os otimistas (49%), seguido pelo Centro-Oeste (45%), Sul (43%), Nordeste (38%) e o Sudeste (37%), região também onde estão aqueles que não vislumbram mudanças relevantes (26%).
A pesquisa do Sebrae faz ainda avaliação sobre custos, mostrando que 29,7% dos entrevistados, principalmente EPPs e MEs, acreditam que os impostos e taxas representam o item que mais tem pressionado as empresas. Esse fator atinge os segmentos do Comércio, Indústria e Serviços. Já custos com mão de obra, matérias-primas e mercadorias, foram citados por pouco mais de 17,1% e 15,8% dos empresários, respectivamente. Nos três casos, o impacto maior é entre os MEIs.
Dos empresários entrevistados, 67% pretendem adotar uma nova medida para estimular as vendas em 2019, principalmente os das regiões Norte e Nordeste e no segmento do Comércio (71%). Entre as possíveis estratégias que os pequenos negócios pretendem adotar para estimular as vendas, está aderir a ações de propaganda e marketing (38,5%) e aumentar a variedade de produtos oferecidos aos clientes (26,9%). No primeiro caso, a proporção é maior entre os empresários mais escolarizados, enquanto que os com pouco estudo preferem a redução de preços como medida recorrentes.
Conforme a pesquisa, 52,8% dos entrevistados pretende fazer algum investimento no seu negócio no próximo ano. Eles estão mais Na Região Norte (60%) e Nordeste (56%) e essa tendência é entre os mais escolarizados e mais jovens. Outros 51% tendem a modernizar seu empreendimento com novos produtos ou novos processos. Dentre as empresas que planejam fazer investimentos em 2019, pouco menos da metade (46,2%) pretende investir até R$ 20 mil nas inovações. Os MEI são aqueles que, em maior proporção, pretendem investir valores menores, de até R$ 10 mil.
Quando se trata de atrasos no pagamento das dívidas, 74,7% dos empresários disseram que não estiveram com pagamento em atraso em 2018, por mais de três meses. Outros 24,7% afirmaram que não conseguiram honrar seus compromissos, mas desses devedores, 77% negociaram com o credor. A pesquisa apontou que, no período da pesquisa, 15% dos empreendedores encontram-se com algum débito com mais de três meses de atraso, principalmente no Norte (19%), enquanto no Sul, apenas 10% das empresas estão nessa situação. Do total de empresários devedores, 90,7% atribuem à crise econômica as razões para o atraso.
Os principais resultados da pesquisa:
- 26% dos empresários consideram que 2018 foi melhor que 2017. Por outro lado, 46% considerou 2018 pior que o ano passado;
- Empresários com Ensino Superior avaliam de forma mais positiva o desempenho da empresa em 2018, em comparação a 2017;
- Para cerca de 30% dos entrevistados o problema que mais prejudicou sua empresa em 2018 foi a corrupção, enquanto 20% dizem que as taxas de juros e o desemprego foram mais prejudiciais para seu negócio;
- A percepção de que a alta taxa de desemprego foi o que mais prejudicou a empresa em 2018 é mais expressiva entre os MEI;
- Quase sete em cada 10 empresários (67%) tem expectativa de que 2019 será melhor que 2018. Apenas 9,9% acreditam que o próximo ano será pior que o atual;
- 39% dos entrevistados acreditam que a principal preocupação do governo em 2019 deveria ser o combate à corrupção, seguido de estimular o crescimento econômico (28,4%);
- 67,1% dos empresários pretendem adotar uma nova medida para estimular as vendas em 2019. Dos entrevistados, 52,8% pretende fazer algum investimento no seu negócio no próximo ano.
Fonte: Jornal do Comércio
21 de novembro de 2018