Cidade com pouco mais de 500 mil habitantes no centro-norte da Alemanha, Hannover tem uma boa infraestrutura, com aeroporto, metrô e uma movimentada estação central de trens. Arborizada com plátanos, reúne em sua área central belezas arquitetônicas e naturais, atrações culturais e históricas, como uma igreja destruída na Segunda Guerra Mundial, cujas paredes que restaram foram mantidas para marcar o episódio.
A localidade se diferencia de outras muitas cidades alemãs, com as mesmas características por abrigar o maior evento da indústria do mundo, a Hannover Messe (feira em alemão), que apresenta todos os anos as novidades tecnológicas do setor. Esta edição está sendo muito celebrada por dois aspectos: primeiro, por marcar o retorno das atividades presenciais, após dois de pandemia.
Outro fator é a efeméride de 75 anos, celebrada por autoridades neste domingo à noite – a feira foi um estímulo para a recuperação da Alemanha no pós-guerra, com a indústria tendo um papel de destaque no milagre econômica europeu, como destacou o prefeito de Hannover, Belit Onay.
Neste cenário, a feira, que teve a primeira edição em 1947, logo se firmou como uma vitrine das inovações tecnológicas para indústria mundial. “Estamos muito felizes de voltarmos ao vivo e a cores”, celebrou o chanceler alemão, Olaf Scholz.
O Brasil tradicionalmente participa do evento e, neste ano, terá uma das maiores delegações de sua história em Hannover, com mais de 100 pessoas, tendo o Rio Grande do Sul como principal representante. No grupo que integra a missão oficial prospectiva brasileira, dos 97 integrantes, 65 são do Rio Grande do Sul, seguido por Goiás, com 23 integrantes, Santa Catarina (5), Paraná (2), Minas Gerais (1) e Ceará (1). Outros empresários, que vieram à Alemanha de forma independente, fazem o número chegar a mais de 100.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) lidera e organiza a missão, por meio do Centro Internacional de Negócios, com a parceria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Sebrae-RS. Além de ser um estado com indústria forte, a representação gaúcha superior a de outros estados também é explicada pelo fato de a Fiergs organizar missões a Hannover há mais de 30 anos.
Nesta edição, haverá a presença 40 executivos de mais de 30 indústrias no Rio Grande do Sul. Há grandes empresas centenárias, como a CMPC, que atualmente tem fábrica de celulose em Guaíba, e que será representada pelo seu diretor-geral, Mauricio Harger, e a Copelmi Mineração, que terá na Alemanha o seu diretor-superintendente, Carlos Faria.
Também integram a comitiva companhias mais jovens, como a Alfamet, fundada em 2007, com prestação de serviços de calibração de peças para equipamentos robotizados de solda. Os industriais do Rio Grande do Sul que irão buscar tendências e prospectar negócios na Alemanha atuam em diversas áreas, como automação e controle, robótica, refrigeração, caldeiras, infraestrutura de TI e energias renováveis, tema que vai concentrar as atenções na segunda parte da missão, aos Países Baixos.
Após a abertura oficial, a Feira de Hannover terá quatro dias de atividades, desta segunda-feira (30) até o dia 2 de junho. Na cerimônia com autoridades, neste domingo à noite, dois temas dominaram todos os discursos: guerra na Ucrânia e busca de soluções sustentáveis para enfrentar a crise climática global.
Em uma fala dura contra o presidente russo, Vladimir Putin, o chefe de governo alemão criticou o imperialismo que busca ditar novas fronteiras contra pequenos países, e destacou a unidade da reação europeia, que inclui sanções econômicas e a revisão orçamentária, com mais recursos para a compra de armas. Finalmente, conclamou a união do mundo em busca de inovações em produtos e soluções sustentáveis para superarmos a crise climática.
- Fonte: Jornal do Comércio
- Imagem: Freepik
- 30 de maio de 2022