Depois de um 2021 de euforia para o mercado de investimento de risco em startups no Brasil, com aportes recordes de mais de US$ 9,6 bilhões, esse ano deve seguir com crescimento, mas não tão acelerado. A projeção do Distrito, plataforma de inovação aberta para empresas, é de que as startups devem captar entre US$ 10,7 bilhões e US$ 12,9 bilhões ao longo deste ano. Isso representaria um crescimento de 50% em relação a 2021 – que, por sua vez, cresceu 174% na comparação com 2020.
“Em 2021, o Brasil confirmou sua posição de destaque entre as nações de maior potencial para desenvolvimento do mercado de inovação e tecnologia, atraindo um volume de capital de risco nunca antes visto. Para 2022, continuamos acreditando no crescimento do mercado, mas com uma intensidade um pouco menor dado o cenário desafiador político e econômico no mundo”, analisa o CEO do Distrito, Gustavo Gierun. “Apesar dos desafios macroeconômicos, o Brasil continua sendo um ambiente repleto de problemas estruturais sendo atacados por empreendedores criativos e competentes, o que gera excelentes oportunidades para investidores”, reforça.
Para o cálculo foram utilizados os algoritmos desenvolvidos pelo Distrito em duas metodologias diferentes que medem a evolução de ticket médio por rodada, tempo médio entre os estágios de captação, evolução da taxa de sucesso entre as rodadas, velocidade de crescimento do mercado, entre outros.
Na primeira metodologia foram identificadas 1.333 startups cujo algoritmo aponta a possibilidade de recebimento de um novo aporte. Contudo, nem todas as negociações podem ser bem-sucedidas, e os dados do primeiro trimestre de 2022 já indicam uma queda no número de rodadas por mês.
Por outro lado, o ticket médio por rodada continua crescendo constantemente. A projeção considera, portanto, também as tendências já iniciadas no ano. Nesta metodologia o mercado poderia receber entre US$ 11,6 bilhões e US$ 12,9 bilhões.
Uma segunda metodologia aplicada pelo Distrito trouxe resultados semelhantes. O chamado Compound Annual Growth Rate (CAGR), métrica utilizada para medir a evolução da taxa média de crescimento de um mercado ao longo do tempo, estima cerca de 700 rodadas, o que levaria o mercado de Venture Capital a um investimento entre US$ 10,7 bilhões a US$ 12,3 bilhões.
As projeções apontam ainda que as fintechs devem seguir liderando os aportes recebidos. As edtechs, por outro lado, devem ser o único segmento a ter aumento no número de deals concretizados no ano.
“É normal que investidores sejam mais conservadores em períodos de instabilidade, no entanto, o gestor de venture capital busca retornos em 8 a 10 anos e, portanto, está acostumado aos ciclos da economia brasileira. Assim, não acreditamos em ruptura na disponibilidade de capital, mas sim em um maior cuidado neste momento”, relata Gierun.
Por outro lado, os empreendedores devem se preparar para um processo de captação de investimentos mais longo e investidores mais detalhistas. “Se as previsões forem bem-sucedidas, a expectativa é que o mercado brasileiro atinja uma relação VC/PIB de 0,77% (versus 0,63% em 2021). A título de comparação, nos Estados Unidos, a relação VC/PIB em 2021 foi de cerca de 1,57%. Embora esse número tenha crescido consideravelmente nos últimos anos, ainda há espaço para um crescimento maior do mercado”, conclui.
- Fonte: Jornal do Comércio
- Imagem: Freepik
- 25 de abril de 2022