Estatal gaúcha lidera consórcio de empresas públicas para comprar no atacado.
A Procergs, estatal gaúcha de tecnologia, deve se tornar uma intermediária na contratação de nuvem para outras estatais no país, atuando dentro do modelo conhecido como “broker”.
Ao todo, 11 empresas estaduais de tecnologia de todo país (veja a lista abaixo) e a Procempa, estatal municipal de Porto Alegre, assinaram um termo de cooperação técnica visando elaborar uma licitação nesse sentido em novembro do ano passado.
“Nossa atuação será de cloud broker, um papel que está alinhado à política de TIC do nosso Estado, o Rio Grande do Sul. Vamos trabalhar para proporcionar economicidade na contratação desse serviço”, afirma o diretor-presidente da Procergs, José Antonio Leal.
A Procergs vai liderar a parte licitatória, criando um registro de preços para contratação de serviços de nuvem. Pela lógica das atas de preço, a adesão pode ser maior do que o grupo inicial, que forma uma apenas uma base de valor.
A cooperação se dá por meio da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Tecnologia da Informação e Comunicação (ABEP), que reúne as estatais públicas de TI.
A Procergs não chegou a fazer uma divulgação pública sobre o acordo, mas confirmou e ampliou as informações quando questionada sobre o tema pela reportagem do Baguete.
Na estatal gaúcha, a visão é que o assunto estava muito “verde” para ser divulgado. Segundo o Baguete pode apurar, no entanto, alguns dos participantes tem a expectativa de poder contratar serviços já no curto prazo.
A escolha da Procergs para ser o broker de nuvem não se deu por acaso. A estatal gaúcha tem uma experiência longa em prover serviços para além do seu grupo de clientes original, composto pelo governo do Rio Grande do Sul e estatais ligadas a ele.
A Procergs chegou a ter um provedor de acesso a Internet, o Via-RS, inaugurado em 1995, nos primórdios da Internet, e ativo até 2018, quando foi fechado. Um dos grupos chaves de clientes eram prefeituras gaúchas, para as quais a Procergs já ofereceu também hospedagem de sistemas nos seus próprios data centers em modelo hosting.
A estatal gaúcha também tem experiências do tipo em nível nacional. Em 2008, a Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul fechou um acordo para fazer o processamento das notas fiscais eletrônicas de Santa Catarina, Alagoas, Piauí e Paraíba. A infraestrutura é da Procergs.
O modelo de broker para serviços de computação em nuvem no setor público está em alta.
O marco inicial foi um grande pregão realizado pelo Ministério do Planejamento em 2018, vencido pela Primesys, uma subsidiária da Embratel, com uma oferta baseada na nuvem da AWS.
A licitação contratou um valor inicial de R$ 30 milhões, que chegou rapidamente a R$ 55 milhões, na medida em que 13 órgãos públicos aderiram ao grupo inicial de 10.
O grupo inclui órgãos tão diferentes como Ministério da Fazenda, Cade, Polícia Rodoviária Federal, Agência Nacional de Águas, Conselho Nacional de Justiça, INSS e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Outra movimentação significativa foi a do Serpro, a maior estatal de TI do país, que já fechou desde 2020 acordos com a AWS, Huawei, Microsoft e Oracle, prevendo a contratação de serviços de nuvem na casa dos R$ 160 milhões nos próximos quatro anos, visando atingir centenas de clientes.
O acordo fechado pelas estatais integrantes da Abep parece seguir os moldes da licitação do Planejamento (o ministério da Economia, que incorporou o Planejamento, ampliou a escala do programa), que parte de um volume mais limitado.
A concentração de compras tem a vantagem de permitir a diferentes órgãos ou empresas públicas ganharem escala e preços melhores da meia dúzia de grandes players que concentram o mercado de computação em nuvem.
Mas a estratégia tem também outro lado. O ataque hacker ao governo federal no final do ano passado, que começou pelo Ministério da Saúde e se alastrou por diferentes partes da administração parece ter tido sua origem no painel de administração do broker de nuvem da Embratel.
Quem está dentro
Participam da iniciativa: Companhia de Tecnologia da Informação do Estado de Minas Gerais (Prodemge), Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Espírito Santo (Prodest), Companhia de Processamento de Dados da Paraíba (Codata), Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar), Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina (Ciasc), Empresa Mato-Grossense de Tecnologia da Informação (MTI), Processamento de Dados Amazonas (Prodam), Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação de Goiás (SEDI-GO), Centro de Gestão da Tecnologia da Informação do Amapá (Prodap), Agência de Tecnologia da Informação de Tocantins(ATI), Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa), Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Procergs.
- Fonte: Baguete.com.br
- Imagem: Freepik
- 04 de janeiro de 2022