Com investimento de R$ 83 milhões, o Banrisul vai inaugurar esse ano, ou no máximo nos primeiros meses de 2022, o seu data center verde. Localizada no bairro Teresópolis, em Porto Alegre, a estrutura, que já está praticamente pronta, será a responsável por controlar 100% da operação computacional do banco. O foco é atender as áreas de negócios, as empresas coligadas e controladas a rede de adquirência Vero.
“O novo data center simplificará a infraestrutura computacional do banco, gerará mais confiabilidade no armazenamento e acesso aos dados e suportará o nosso crescimento nos próximos 25 anos. Além disso, atende os requisitos de compliance e de segurança exigidos pelos órgãos reguladores, especialmente o Banco Central”, explica o diretor do Tecnologia e Inovação do Banrisul, Jorge Krug.
A capacidade é ter ali de 100 a 120 pessoas para fazer a logística e o monitoramento de toda operação, que serão alocadas de acordo com a necessidade.
O prédio de missão crítica de três andares tem 1,3 mil metros quadrados e se enquadra na categoria Tier 3, caracterizado por ser um sistema autossustentado, com equipamentos de refrigeração e alimentação de energia redundantes. Oferece alta disponibilidade e resiliência. É uma estrutura robusta com entradas duplas de energia alimentadas por subsestações diferentes, ou seja, se uma apresenta algum problema, a outra entra para suportar. Todo ambiente interno também é duplicado.
O banco conta com duas rotas de fibra subterrâneas, que percorrem caminhos distintos. “É uma estrutura sem ponto de falha”, aponta Krug.
O prédio é green, ou seja, foi projetado para ter uma redução do uso enérgico, usando água e temperatura externa para se administrar. Em um dia frio em Porto Alegre, por exemplo, ele gerenciará internamente a troca térmica. A parte de geração de energia feita pelos geradores, quando necessário, tem uma profunda capacidade de absorção de ruído, a ponto de quem está na rua não ouvir nada. Além disso, possui diversas outras iniciativas, como um processo de captação da água da chuva.
A estrutura foi construída a cerca de 10 km da sede atual do banco, que fica no centro de Porto Alegre. É lá que está localizado o data center primário atual; já a estrutura de redundância fica na Fundação Banrisul, a cerca de 400 metros. “Como estão muito próximas acabam ficando expostos aos mesmos riscos, o que não é seguro”, alerta Krug.
O data center secundário também já apresentava restrições de expansão e, até para colocar novos equipamentos, era necessário usar uma grua. “Resumindo, nenhum dos dois data center atuais foram construídos em prédios preparados para isso. Precisávamos de um ambiente mais propício”, destaca o gestor. Agora, o novo data center green passará a ser o principal e será feita uma triangulação com os outros dois, que seguirão operando.
O projeto começou de fato em 2018, mas as conversas iniciaram há cerca de anos. “O mais complexo de fazer dar um data center de um banco público é que tivemos que gerenciar 19 editais paralelos, e sempre tentando ajustar o tempo de tudo para não ficar nada parado. Mas deu certo”, comemora.
Infraestutura favorece evolução para mundo digital
O primeiro computador que chegou no Rio Grande do Sul, na década de 1960, era um IBM 1401, veio de navio e desembarcou direto no Banrisul. A turma um de programadores formados pela IBM foi preparada, justamente, para atuar no banco. Uma iniciativa que depois daria origem aos primeiros cursos de tecnologia lançados pelas universidades gaúchas.
Mas, esse mesmo pioneirismo, que seguiu nas décadas seguintes e fez o Banrisul ser considerado uma referência tecnológica entre os bancos brasileiros, apesar dos recursos infinitamente inferiores que os gigantes do sistema financeiro nacional, também trouxeram o desafio da atualização de toda essa infraestrutura.
“A arquitetura computacional do banco é muito complexa e precisávamos avançar nessa migração para atender esse novo momento do mercado”, analisa Krug.
O setor e banking está se transformando, com novidades como open banking, PIX e blockchain exigindo muita agilidade das instituições financeiras. Para o gestor, o novo data center faz parte desse processo de inovação para suportar a nossa estratégia de atender esse desafio do mundo digital. “Precisamos atender o cliente tradicional e também o novo cliente e, para isso, é fundamental redesenhar a nossa operação. Somos uma fintech de 93 anos”, analisa Krug.
O investimento de mais de R$ 80 milhões em um data center significa um recuo na estratégia de cloud do Banrisul? O gestor assegura que não. “Não estamos fora do mundo cloud e seguimos migrando muitas aplicações, mas não é uma questão colocar o core bancário na nuvem, especialmente para um banco tradicional, que tem muito legado”, avalia.
O que é um data center?
Um data center é uma instalação física que as empresas usam para hospedar aplicativos e dados essenciais, geralmente implantados para proteger o desempenho e a integridade dos principais componentes do data center.
O design de um data center é baseado em uma rede de recursos de computação e armazenamento que permitem a disponibilização de aplicativos e dados compartilhados. Os principais componentes do design de um data center incluem roteadores, switches, firewalls, sistemas de armazenamento, servidores e controladores de disponibilização de aplicativos.
- Fonte: Jornal do Comércio
- Foto: Freepik
- 22 de setembro de 2021