Empresas investem em programas que conscientizam lideranças sobre saúde mental

Cerca de 97% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão. Em estudo publicado em 2020 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil foi considerado o país que mais sofre com ansiedade no mundo. O nosso índice de depressão também é um dos cinco mais elevados do planeta: 5,8% da população do país. Tendo isso em vista, a campanha de prevenção ao suicídio Setembro Amarelo é motivo para gerar reflexão profunda entre os brasileiros.

Para as empresas brasileiras, este é um assunto-chave, principalmente por conta da integridade física de seus funcionários, mas também porque colaboradores mais ansiosos, deprimidos e tristes produzem menos, afetando os resultados financeiros das corporações. A OMS, por exemplo, previu que até 2030 a depressão será a maior causa de perda de produtividade em todos os países economicamente desenvolvidos.

Desse modo, as organizações estão começando a investir em programas de conscientização para saúde mental para as lideranças. Além de empatia, escuta ativa e disponibilidade para conversar, os líderes precisam saber identificar os primeiros sinais de que as coisas não estão bem. Ansiedade e estresse podem ser detectados por mudanças bruscas de comportamento, tais como: nervosismo excessivo e irritabilidade, agressividade ou passividade fora do padrão, fuga de contato social, cansaço e dores frequentes.

A comunicação neste período de maior estresse deve ser mais frequente e cuidadosa. Uma regra que pode ajudar é o 15-3-1, ou seja, dedicar 15 minutos para conversar com 3 pessoas do seu time 1 vez por semana. É preciso ter muito bem definido, no entanto, que se trata de conversas extras, que não devem, de nenhuma maneira, ser misturadas ou confundidas com reuniões normais de trabalho.

Em relação às reuniões de rotina, uma série de cuidados estão sendo tomados pelas empresas no sentido de diminuir a carga de estresse em seus colaboradores, buscando minimizar o desenvolvimento de transtornos psicológicos nos funcionários. Trata-se de assunto sério, já que, conforme a OMS, 33 milhões de brasileiros sofrem de burnout – ansiedade crônica criada pelo excesso de trabalho.

Entre as iniciativas das organizações nesse sentido estão: a manutenção de um pequeno intervalo entre as reuniões, para descanso físico e mental e reposição de energia, e a proibição de agendamento de reuniões no horário de almoço e em determinados períodos da semana, que já são sabidos por todos como de alta demanda de trabalho, para evitar acúmulo de atividades. Algumas empresas oferecem ainda a seus funcionários sessões de meditação e atendimento psicológico para colaboradores e familiares.

Além de rotinas com alta carga de trabalho e questões pessoais, a pandemia e suas consequências, como o trabalho remoto, vieram se juntar aos fatores que contribuem para que funcionários se tornem mais estressados e ansiosos.

Preocupadas com a saúde mental de seus colaboradores, algumas companhias tomaram atitudes para tentar diminuir os efeitos da pandemia sobre eles, como comprova uma pesquisa realizada neste ano pela empresa de consultoria empresarial norte-americana Mckinsey, envolvendo 1100 executivos e 2656 colaboradores de 11 países.

De acordo com o levantamento, 96% dos pesquisados percebeu mudanças nas políticas de RH neste período, como auxílio para trabalho remoto, períodos de licença não remunerada, jornadas de trabalho mais curtas e benefícios de saúde extensíveis a familiares.

O que se depreende da pesquisa é que, de maneira geral, as empresas estão conscientes da situação, adaptando-se de forma rápida para oferecer mais segurança e flexibilidade a seus funcionários.

 

  • Fonte: Administradores.com.br – Caroline Marcon, fundadora da Marcon Leadership Consulting, sócia da Field Top Teams Consulting e professora de MBAs de Gestão Estratégica de Pessoas e Liderança da FGV/SP.
  • Foto: Administradores.com.br
  • 22 de setembro de 2021