Estudo do Gartner mostra que, no Brasil, os gastos nessa área devem crescer 2,5% em 2020, mas, neste ano, a expectativa é de retração de 4,6%
Em 2020, os gastos com TI no Brasil deverão somar US$ 64 bilhões. A projeção foi feita pelo Gartner, especializado em pesquisas e em consultoria para empresas. Se o valor se confirmar, representará um aumento de 2,5% em relação ao registrado neste ano.
O crescimento parece pequeno, ainda mais se for levado em consideração que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entra em vigor em agosto de 2020 e vai absorver muitos recursos das empresas para garantir a segurança das redes e proteger os usuários de vazamentos de informações.
Mas para John-David Lovelock, vice-presidente de Pesquisa do Gartner, o aumento de despesas previstas em 2020 é substancial, já que, em 2019, se verificou um declínio geral. “A LGPD entra em vigor em 2020 e é parcialmente responsável pelo aumento de 2,5% nas despesas. Muitas empresas têm investido em TI antes do prazo final para cumprir totalmente as exigências até agosto de 2020. No entanto, essa não é uma prioridade para a maioria das empresas brasileiras em 2019”, disse, em entrevista aos Diários Associados.
A previsão mais recente do Gartner aponta que os investimentos em TI no Brasil, em 2019, deverão encolher 4,6%. Esse comportamento coloca o Brasil no mesmo padrão do mercado internacional, com uma pequena desvantagem numérica.
Os gastos mundiais com TI deverão chegar a US$ 3,7 trilhões neste ano, o que representa aumento de 0,4% em relação a 2018. Assim como previsto para o Brasil, também se projeta uma recuperação mais acentuada dos investimentos globais em TI em 2020, com a estimativa de alta de 3,7%.
O mercado global de dispositivos, segundo o Gartner, terminará 2019 com uma queda de 5,3% em relação aos US$ 713 bilhões de 2018. Apesar do momento ruim, a expectativa é que o segmento volte a crescer em 2020, com aumento de 1,2%.
Já os gastos com nuvem têm “puxado” o crescimento dos investimentos em TI no mundo. Os Estados Unidos, aponta o Gartner, lideram a adoção da computação em nuvem e são responsáveis por mais da metade dos gastos globais no segmento.
Por outro lado, alguns países monitorados pelo Gartner estão retardando de um a sete anos a adoção desse tipo de solução. O Brasil, por exemplo, gasta 2% de todo seu investimento em serviços de nuvem pública, por isso pode ser classificado como um país que adotou até agora um ritmo lento nessa área.
Lentidão
Os países com investimentos mais baixos, explica Lovelock, estão atrás dos Estados Unidos em gastos com nuvem em quatro anos ou mais. O executivo do Gartner acredita que as taxas de crescimento ainda podem ser fortes, mas esses países foram, nas suas palavras, mais lentos para adotar totalmente a cloud computing como um todo. “Os líderes empresariais e CIOs (Chief Information Officers) brasileiros estão cientes dos avanços digitais em outras geografias e definem direções alinhadas com esses players.”
No caso do Brasil, segundo Lovelock, a maior demanda por investimentos tem vindo do segmento de data center. Isso ocorre, segundo o executivo, porque a disponibilidade e a amplitude das opções de nuvem (cloud) ainda não estão totalmente presentes.
Na avaliação da consultoria, as organizações que decidirem por um comprometimento mais expressivo de seus orçamentos para aplicações em nuvem na estratégia total para TI terão muito mais chance de se tornarem líderes digitais. Um dos principais desafios do setor, alerta Lovelock, está em como as organizações podem conduzir seus negócios, mesclando no dia a dia o perfil tradicional e o de uma empresa de tecnologia. “Esses dilemas impulsionarão as tendências futuras de gastos com Tecnologia da Informação.”
Fonte: Correio Braziliense
01 de novembro de 2019